Taxas futuras do mercado de juros caem com preços ao produtor nos EUA e expectativa com arcabouço no Brasil
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros cederam nesta quinta-feira pela segunda sessão consecutiva no Brasil, com o mercado reagindo à divulgação de novos dados de inflação nos EUA e à expectativa de que o projeto do novo arcabouço fiscal seja aprimorado durante tramitação no Congresso.
Pela manhã, o Departamento do Trabalho dos EUA informou que o índice de preços ao produtor para a demanda final subiu 0,2% no mês passado e avançou 2,3% nos 12 meses até abril. Esse foi o menor aumento numa base anual desde janeiro de 2021 e seguiu um avanço de 2,7% em março. Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,3% em abril e elevação de 2,4% na comparação anual.
A desaceleração dos preços ao produtor ampliou a leitura de que a inflação norte-americana está cedendo, o que reforça a expectativa de que o Federal Reserve mantenha seus juros na faixa de 5,00% a 5,25% em sua próxima decisão de política monetária.
Em reação, os rendimentos dos Treasuries recuaram, com reflexos na curva de juros brasileira.
“O CPI (Índice de Preços ao Consumidor, na sigla em inglês) de ontem (quarta-feira) já mostrou que o processo de desinflação está acontecendo nos EUA. Pode-se até questionar a velocidade, mas está acontecendo”, comentou o gestor de renda fixa da Kínitro Capital, Mauricio Ferraz.
“Com os dados de hoje (quinta-feira), a curva de juros norte-americana está fechando um pouco, e isso também influencia o Brasil”, acrescentou.
Internamente, conforme Ferraz, a curva a termo também é influenciada pela expectativa positiva em relação à tramitação do novo arcabouço fiscal no Congresso.
Uma parcela do mercado acredita que os parlamentares vão aperfeiçoar o texto, em especial quanto ao “enforcement”, que diz respeito às punições aplicadas caso o governo não cumpra a meta fiscal.
O relator do projeto, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), sinalizou que poderá atrasar a entrega do parecer previsto para esta quinta-feira, em meio à pressão da oposição, de nomes da base governista e de consultorias técnicas da Câmara para incluir no arcabouço normas mais duras de ajuste nas contas públicas.
Em outra frente, a queda nos preços das commodities agrícolas e de preços no atacado são vistos como fatores que podem aliviar a inflação brasileira mais à frente.
Na segunda-feira, a Fundação Getulio Vargas informou que o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) cedeu 1,01% em abril. Principal componente do IGP-DI, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI) caiu 1,56% em abril.
Neste cenário, no fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,65%, ante 11,736% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 11,235%, ante 11,367% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,345%, ante 11,505%.
Perto do fechamento, a curva a termo ainda precificava 21% de chances de o Banco Central reduzir a Selic em 0,25 ponto percentual no encontro de política monetária de junho e 79% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.
No exterior, o rendimento dos Treasuries seguiam em queda.
Às 16:45 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 4,20 pontos-base, a 3,3936%.
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