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Redução de incerteza com nova estratégia da Petrobras sustenta mercado, mas não elimina risco

16/05/2023 14h36

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - Muitos investidores receberam de forma benigna a reformulação da política de preços da Petrobras nesta terça-feira, com a dissipação de incertezas em torno da mudança impulsionando os papéis da empresa, embora algumas instituições financeiras continuassem cautelosas quanto aos riscos de a petrolífera abandonar a paridade internacional.

A Petrobras anunciou nesta terça-feira sua nova estratégia comercial para o diesel e a gasolina, abandonando a paridade de importação (PPI) como base principal para os reajustes e passando a aplicar premissas que miram um "equilíbrio" entre os mercados nacional e internacional.

A estatal disse no comunicado que a nova estratégia prioriza o "custo alternativo do cliente", além de um valor marginal para a Petrobras.

A notícia foi recebida com alívio por muitos agentes do mercado, que citaram redução de incertezas, uma vez que havia muitas especulações em torno das já antecipadas mudanças na política de preços da estatal. Por volta de 14h30 (de Brasília), as ações preferenciais da Petrobras subiam 3,12%, a 26,46 reais.

"Nenhuma novidade em relação ao nosso cenário base... A Petrobras segue com uma política de mercado e entendemos que a reação deve ser positiva, uma vez que havia muita desconfiança pairando sobre esse anúncio", disse Frederico Nobre, líder da área de análise da corretora e gestora Warren.

Já o Bradesco BBI pontuou, em nota a clientes, que, "para os investidores que esperavam que essa nova gestão cortasse os preços de forma brusca e abrupta, essa nova estratégia comercial parece sugerir o contrário", acrescentando que, em cenário de manutenção das atuais variáveis macroeconômicas, não espera grandes mudanças nos valores praticados pela Petrobras.

Mais cedo nesta terça-feira, a estatal anunciou um corte nos valores de gasolina, diesel e gás liquefeito de petróleo (GLP) vendidos às distribuidoras a partir de quarta. Embora a decisão tenha vindo no mesmo dia em que foi divulgada a reformulação de sua estratégia de preços, muitos participantes do mercado disseram que não há muita relação entre uma coisa e outra.

"Uma redução de 0,40 real no preço da gasolina está em linha com o PPI, a política anterior, que estava defasado há semanas", disse Rafaela Vitoria, economista-chefe do Banco Inter.

De modo geral, a avaliação é de que não haverá grandes mudanças de preços daqui para frente. O Credit Suisse disse em nota a clientes que, embora a nova política elimine a terminologia de "paridade de importação", na prática ela não mudou materialmente.

"A diferença, a nosso ver, é que a nova política permite mais flexibilidade para a gestão, sem as restrições e verificações e contrapesos de o preço de paridade de importação anterior", disse o UBS BB em relatório.

O BTG Pactual também avaliou positivamente a nova política da Petrobras. "Uma nova estratégia que mantém os princípios de mercado reduz a percepção de risco e contribui para nossa visão de que um cenário baixista para a Petrobras agora parece improvável", disseram estrategistas do banco em relatório.

Eles afirmaram ainda que a nova política reduz os riscos de potenciais subsídios dos preços dos combustíveis ou até mesmo das importações de combustíveis.

RISCOS

Mais cauteloso, o Citi disse que permanecem alguns riscos importantes que a Petrobras precisa esclarecer.

"A paridade de importação internacional é muito importante para manter os produtos importados fluindo para o país, eliminando problemas de escassez de combustível", disseram estrategistas do banco norte-americano em relatório.

"Caso a Petrobras estabeleça um preço abaixo da paridade internacional, haverá dois resultados potenciais: 1) a empresa importará toda a demanda de importação de combustível no Brasil ou 2) o Brasil enfrentará escassez de combustível."

Segundo o Citi, outro ponto importante é o valor marginal considerado pela estatal. "Aqui reside o maior risco e definirá, a nosso ver, a faixa inferior para a política de preços de combustíveis da empresa. O patamar para o valor marginal vai depender do custo da empresa, mas não está claro qual é esse custo e o que está incluso nele", alertou o banco. "Vemos as mudanças como negativas para os acionistas minoritários da Petrobras."

A Guide Investimentos também ficou entre as instituições mais pessimistas quanto à nova política de preços. Mas, "embora a mudança seja negativa, não temos ainda noção do peso de cada um desses fatores no preço de venda", disse em nota a clientes.

(Por Luana Maria Benedito)