Mercadante diz que tendência é Venezuela usar energia e petróleo para pagar dívida com Brasil
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, disse nesta segunda-feira que a Venezuela não tem como pagar em divisas o passivo com governo brasileiro e a tendência seria a quitação em energia elétrica e petróleo.
Segundo Mercadante, os passivos com o BNDES foram quase que integralmente cobertos pela Fundo de Garantia à Exportação, restando uma pequena parcela. O banco informou que a Venezuela recebeu em contratos de apoio à exportação de serviços de engenharia 1,5 bilhão de dólares, sendo que 40 milhões estão em atraso e serão indenizados pelo FGE. O saldo devedor é de 84 milhões de dólares.
Já foram indenizadas pelo FGE 682 milhões de dólares em prestações em atraso.
"Um país não quebra, ele atrasa. Brasil já fez moratória da dívida externa. A Venezuela disse publicamente a disposição de retomar o pagamento, a negociação é diretamente com a Fazenda por conta do Fundo de Garantia à Exportação", disse Mercadante a jornalistas em evento no banco.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na semana passada que o governo federal criará um grupo de trabalho para consolidar a dívida da Venezuela com o Brasil.
A partir desse diagnóstico, será organizada a programação para o pagamento dos débitos.
O presidente do BNDES destacou o crescimento da economia da Venezuela em 2022, num sinal de que o país poderá encontrar formas de quitar o passivo.
Entre as alternativas estaria o pagamento por meio de petróleo e energia elétrica venezuelanos.
"Eles não têm dólares disponíveis, as reservas cambiais foram apreendidas", disse.
No ano passado, a economia venezuelana cresceu 6%, depois de cair 75% em seis anos.
"É impossível esperar que um país nessa condição de bloqueio econômico e crise do petróleo pudesse honrar esses compromissos", disse Mercadante. ?Energia pode ser considerada como pagamento", acrescentou.
O BNDES financiou nos governos do PT a exportação de serviços de engenharia de empresas brasileiras no exterior. O país onde era executada a obra se responsabilizava pelos financiamentos. Em caso de não pagamento, o FGE era acionado para cobrir o passivo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu na última semana com o líder da Venezuela, Nicolás Maduro, em sua primeira visita ao Brasil desde 2015, e o passivo do país vizinho esteve na mesa de discussões. Ao fim do encontro, Maduro também mencionou a criação da comissão para estabelecer o tamanho da dívida, permitindo a retomada dos pagamentos.
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