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Acusações da Americanas têm como base documento "parcial", diz defesa de ex-diretor

14/06/2023 20h34

Por Andre Romani

SÃO PAULO (Reuters) - As acusações de fraude divulgadas na véspera pela Americanas e pelo presidente da companhia são baseadas em um documento parcial, elaborado para perturbar as apurações, conforme nota nesta quarta-feira da defesa de um ex-diretor apontado pela varejista como envolvido no caso.

A Americanas divulgou fato relevante na manhã de terça-feira admitindo que houve fraude na empresa por ex-diretores, o que gerou um rombo de 25,3 bilhões de reais nas demonstrações de resultados da companhia. A avaliação foi baseada em um relatório de assessores jurídicos da varejista, e incluiu informações coletadas por um comitê independente que está apurando o caso.

Um dos seis acusados citados nominalmente pela Americanas, José Timótheo de Barros, ex-diretor operacional da varejista, afirmou, por meio de nota de sua assessoria nesta quarta-feira, que o fato relevante divulgado pela Americanas "contém inverdades e faz acusações que precisarão ser provadas".

"Baseado em documento elaborado de modo parcial para perturbar as apurações, trechos do que seria parte de relatório de investigação feita pelos advogados da empresa (não pelo comitê independente) foram mostrados de maneira leviana em comissão do Congresso Nacional", disse a nota da defesa de Timótheo de Barros.

O texto também cita que a divulgação desses trechos na Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) foi "leviana" e que foram apresentadas "meras opiniões de suspeitas" como se fossem verdades.

Timótheo de Barros foi afastado pela companhia junto com outros cinco executivos de alto escalão, incluindo o ex-presidente Miguel Gutierrez, em fevereiro, e renunciou ao cargo em maio. A assessoria de Gutierrez não respondeu a pedido de comentário na véspera.

Na apresentação em que fez aos deputados na CPI, o atual presidente da Americanas, Leonardo Coelho, que chegou à empresa cerca de um mês após a revelação do rombo contábil, no início do ano, expôs documentos e comunicações internas que, em sua visão, sustentam o cometimento de fraude.

Segundo esses documentos, Timótheo de Barros é apontado, entre outros pontos, como um dos ex-diretores destinatários de um email que supostamente mostra a existência de uma demonstração contábil paralela àquela divulgada ao mercado em 2021 pela empresa. Esse resultado mostraria um prejuízo operacional de 733 milhões de reais no ano, ao invés do lucro divulgado oficialmente de 2,9 bilhões de reais.

A nota da assessoria de Timótheo de Barros disse que as acusações feitas "serão objeto de devida apuração pelas autoridades competentes a partir de requerimentos formais a serem feitos pela defesa".

Coelho revelou à CPI o envolvimento, além dos antigos seis executivos de alto escalão, de mais de 30 funcionários, que foram demitidos nesta semana.