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Foco em metais básicos da Vale deveria ser no que virá depois da transação, diz Citi

28/06/2023 17h53

SÃO PAULO (Reuters) - Enquanto o mercado foca em um amplamente esperado acordo para a Vale vender 10% de seu negócio de metais básicos, deveria também atentar para o que virá depois da transação, já que os desafios sobre a independência da unidade em relação à mineradora serão grandes, avaliou um analista do Citi que participou de um evento no Brasil esta semana.

Notícias publicadas recentemente dão conta de que o acordo pode estar próximo e poderia gerar 2,5 bilhões de dólares para a Vale, que não tem comentado publicamente com quem está negociando ou fornecido outros detalhes do andamento das negociações.

"Acho que o dinheiro arrecadado com a venda em si não é particularmente importante para a Vale. A empresa nos disse há muito tempo que vai vender os 10%", disse o analista Alex Hacking à Reuters.

"A questão é o que vem depois, porque vender 10% do negócio não muda nada. A empresa possuiria 90% em vez de 100%, e daí?"

Segundo o analista, o mercado está muito focado na venda dos 10% e não atento o suficiente "se a nova estrutura independente será viável".

Ele lembrou que o desempenho dos negócios de metais básicos da Vale nos últimos cinco a dez anos tem sido relativamente ruim, com a companhia deixando de atingir algumas metas em cobre e níquel.

O analista acrescentou que a empresa chegou à conclusão de que a melhor maneira de resolver isso seria uma direção separada para a unidade de metais básicos, com um processo de alocação de capital também próprio.

Mas Hacking questiona se o modelo efetivamente permitirá que a unidade de metais básicos seja independente da Vale.

"Pode ter uma empresa independente dentro da Vale operando independentemente do conselho de administração geral da Vale?"

Segundo ele, este será um desafio importante, uma vez que conselheiros da Vale poderão querer ter ainda uma "grande influência" na gestão de metais básicos.

Ele concorda que a venda de uma participação da unidade é um dos passos importantes nos planos da mineradora, mas considera "cedo" para dizer que haverá o sucesso pretendido, apesar de todo o potencial de metais como cobre e níquel, muito demandados nos dias de hoje por um mundo que busca a transição energética e que precisa de mais baterias para uso em veículos elétricos, por exemplo.

(Por Roberto Samora; Edição de Pedro Fonseca)