GPA dispara após oferta por participação no colombiano Éxito; analistas divergem sobre desfecho
Por Paula Laier
SÃO PAULO, 29 Jun (Reuters) - As ações do GPA disparavam mais de 16% nesta quinta-feira, tocando máximas intradia desde fevereiro, após o varejista brasileiro receber uma oferta por sua participação no grupo colombiano Éxito.
O magnata colombiano Jaime Gilinski fez uma oferta não solicitada e não negociada previamente pela participação acionária total de 96,52% do GPA no Éxito por valor equivalente a 836 milhões de dólares, a ser pago em dinheiro.
De acordo com o fato relevante divulgado pelo GPA na noite de quarta-feira, a proposta vinculante é válida até 7 de julho. A diretoria do GPA afirmou que comunicou o recebimento da oferta ao conselho de administração, que se reunirá para avaliá-la.
Por volta das 13:30, os papéis do GPA avançavam 16,21%, a 18,78 reais, capitaneando com folga os ganhos do Ibovespa, que subia 1,31%. Na máxima, chegaram a 18,96 reais, maior cotação intradia desde 14 de fevereiro.
Analistas da XP Investimentos destacaram que a oferta está acima da sua projeção para o ativo, mas abaixo do valor de mercado atual e do valuation implícito que é esperado pelo GPA em seu plano de desinvestimentos divulgado para o mercado.
"No entanto, esperamos que a alavancagem do Casino e do GPA 'fale mais alto' e acreditamos que a oferta deve ser aceita", afirmou a equipe liderada por Danniela Eiger em relatório a clientes nesta quinta-feira.
Eles veem o anúncio como positivo "ao permitir que o GPA se desfaça completamente da operação do Éxito em uma transação a ser paga em dinheiro, enquanto ela poderia acelerar o desinvestimento do grupo controlador (Casino) no GPA Brasil".
Ainda assim, a equipe da XP manteve recomendação "neutra" para as ações, citando não ver muito espaço para reavaliação dos níveis atuais, enquanto aguarda que a transação deva ser precificada em grande parte no pregão desta quinta-feira.
Na contramão, o analista da Guide Investimentos Mateus Haag avalia ser improvável que a oferta seja aceita, sendo um dos motivos por estar abaixo do valor em que a companhia é negociada na bolsa colombiana, de 1,3 bilhão de dólares.
Além disso, ele acrescentou que o Casino, em seu plano de reestruturação financeira, afirmou que busca levantar 1,3 bilhão de dólares com a venda de ativos na América Latina, incluindo sua participação no GPA e no Éxito.
Esse plano, de acordo com Haag, significa que o controlador avalia as operações de GPA+Éxitoo com um valuation mais próximo de cerca de 2,5 bilhões de reais.
A equipe do Bradesco BBI liderada por Felipe Cassimirotambém considerou a oferta "nada atraente", mas vê a mesma como uma "saída".
A oferta, segundo analistas, implica múltiplo de cerca de 3 vezes o EV/Ebitda ajustado estimado para 2023, abaixo do múltiplo de 4 vezes do Éxito atualmente e bem abaixo de outros pares de varejo na América Latina.
"Diante do momentum fraco de resultados do GPA e dos desafios operacionais de curto prazo para recuperar as vendas e as margens, vemos a oferta de ações em dinheiro de 4 bilhões de reais como uma opção de saída", afirmaram em nota a clientes.
Comentando sobre os próximos passos, eles observaram que se o conselho de administração do GPA aprovar a oferta, o processo de cisão do Éxito em andamento será paralisado completamente e a situação das ações dele continuará a mesma (sem negociação).
Mas se o conselho não aceitar, o GPA poderia continuar o processo e listar o Éxito na bolsa colombiana, com BDRs para investidores no Brasil e ADRs para investidores externos.
Em setembro do ano passado, o GPA anunciou a segregação do Éxito por meio de uma redução de capital, com a distribuição de 83% das ações que detém na empresa aos acionistas, permanecendo com uma fatia de 13%.
Quanto à oferta da véspera, o Bradesco BBI ainda destacou questões pendentes, entre elas quanto do capital estaria voltado para o pagamento da dívida do GPA Brasil e quais as chances de dividendos extraordinários aos acionistas do GPA Brasil.
(Por Paula Arend Laier; Edição de Pedro Fonseca)
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