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Produção industrial sobe 0,3% em maio, mas está abaixo do nível pré-pandemia

Funcionário trabalha no alto-forno da siderúrgica Usiminas, em Ipatinga - Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
Funcionário trabalha no alto-forno da siderúrgica Usiminas, em Ipatinga Imagem: Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

04/07/2023 09h07Atualizada em 04/07/2023 10h44

A produção industrial do Brasil voltou a subir em maio, mas recuperou apenas parte das perdas do mês anterior e ainda segue abaixo do patamar pré-pandemia, mostrando dificuldades de recuperação em meio aos impactos do encarecimento do crédito.

Em maio, as indústrias do país registraram aumento de 0,3% na produção em relação a abril, quando houve queda de 0,6%, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esse é o segundo resultado positivo para o setor neste ano, e ficou em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters.

Em relação ao mesmo mês do ano anterior, a produção apresentou alta de 1,9%, abaixo da expectativa de avanço de 1,1%.

Mesmo com resultado positivo em maio, a indústria está 1,5% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, e 18,1% aquém do nível recorde, de maio de 2011.

"Uma inflação mais baixa pode ajudar o consumo das famílias, mas ainda temos juros altos que afetam endividamento e inadimplência. Há um grau de melhora vindo de inflação e mercado de trabalho, e isso pode ajudar o setor industrial", afirmou o gerente da pesquisa, André Macedo.

"Mas ainda estamos longe de recuperar as perdas do passado e a indústria ainda opera num patamar equivalente ao começo de 2009. Estamos operando nesse patamar há bastante tempo e está atrasado no tempo", completou, explicando que, para superar fevereiro de 2009, a indústria teria que mostrar crescimento de ao menos 2,5% em um mês.

Analistas avaliam que a indústria brasileira deve mostrar dificuldades ao longo de 2023, andando de lado ou com desempenho fraco, uma vez que os juros altos e o endividamento das famílias afetam o consumo de bens de maior valor e o investimento em equipamentos, além da economia global fraca.

A taxa básica de juros Selic está atualmente em 13,75%, mas o Banco Central indicou na ata de sua última reunião que pode começar a cortá-la já em agosto, desde que se mantenha cenário de arrefecimento da inflação.

Por outro lado, as medidas do governo de incentivo ao setor automobilístico pode dar alguma ajuda à indústria.

"(Mas) mesmo que esta melhora ocorra, a tendência é que a indústria ainda feche o ano em queda, visto que o efeito defasado da política monetária doméstica sobre nosso nível de atividade e a desaceleração do crescimento global devem ser vetores predominantes no resultado ao final de 2023", avaliou Matheus Pizzani, da CM Capital.

Disseminação

No mês de maio houve disseminação de taxas positivas por três das quatro grandes categorias econômicas e 19 dos 25 ramos investigados, marcando o maior espalhamento desde setembro de 2020, quando havia 23 atividades mostrando crescimento.

As maiores influências positivas para o resultado de maio vieram dos setores de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (7,7%), veículos automotores, reboques e carrocerias (7,4%) e máquinas e equipamentos (12,3%).

O segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias voltou a crescer após dois meses consecutivos de queda, quando acumulou redução de 2,6%, segundo o IBGE.

"Março e abril foram marcados pelas paralisações e as concessões de férias coletivas no setor. O crescimento em maio é explicado pela volta à produção", explicou Macedo.

Entre os resultados negativos estão produtos alimentícios (-2,6%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9,7%).

Entre as categorias econômicas, o destaque foi a alta de 9,8% dos Bens de Consumo Duráveis. Bens de Capital mostraram avanço de 4,2% e Bens Intermediários tiveram ganho de 0,1%. O único resultado negativo foi de Bens de Consumo Semi e não duráveis, com uma queda de 1,1% da produção.