Ibovespa recua após atuação modesta da China

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava nesta segunda-feira, mesmo após o banco central da China reduzir sua taxa de juros de um ano, uma vez que agentes financeiros aguardavam uma ação mais agressiva, enquanto, no Brasil, as atenções se voltam para a retomada das discussões sobre o arcabouço fiscal nesta semana.

Às 11h03, o Ibovespa caía 0,52%, a 114.807,01 pontos. O volume financeiro somava 3,6 bilhões de reais.

O Ibovespa fechou na sexta-feira com sinal positivo pela primeira vez em agosto, quebrando uma sequência histórica de 13 pregões de baixa, mas a alta foi modesta, de apenas 0,37%, uma vez que permanecem incertezas sobre o crescimento global dos próximos trimestres.

Na China, a taxa de empréstimo primária de um ano (LPR) foi reduzida em 0,1 ponto percentual, para 3,45%, enquanto a LPR de cinco anos foi mantida em 4,20%. No mercado, a expectativa era de queda de ambas as taxas, sendo que para a de um ano a maioria esperava um corte de 0,15 ponto.

Ainda assim, os mercados globais de commodities como petróleo e minério de ferro, além de ações, mostraram um tom mais positivo, em parte como resposta à ação do BC chinês. Em Wall Street, o S&P 500 subia 0,49%.

Para a equipe da corretora Commcor, o desempenho em praças acionárias no exterior mais parece uma reacomodação do mercado, do que fundamentado em algum gatilho novo.

"Inclusive, estamos vindo de uma rodada de relevante enxugamento ao risco neste mês de agosto conforme expectativas inflacionárias se mostram mais resilientes - foco nos EUA -, diluindo em parte as apostas mais otimistas em termos da proximidade do fim de ciclo de aperto monetário mundo afora."

Em nota a clientes, eles acrescentaram que a cautela com a atividade chinesa vem se somando à leitura e alimentando movimentos de realização de lucros após forte sequência positiva nas principais bolsas e moedas de economias emergentes.

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No Brasil, as atenções estão voltadas para uma aguardada retomada das discussões envolvendo a nova regra fiscal.

O relator do novo arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados, Cláudio Cajado (PP-BA), disse na última quinta-feira que a definição da data para a votação da matéria na Casa dependerá de uma reunião entre líderes partidários e representantes do governo federal.

DESTAQUES

- ALPARGATAS PN caía 2,46%, a 9,11 reais, engatando a quinta queda consecutiva, somando até o momento uma perda de quase 10%. No setor, AREZZO ON tinha queda de 2,86%.

- MULTIPLAN ON recuava 1,92%, a 26,02 reais, em sessão de ajustes após fechar em alta de quase 3% no último pregão. No setor, ALLOS ON (ex-Aliance Sonae) perdia 1,54% e IGUATEMI UNIT cedia 1,05%.

- PETROBRAS PN tinha variação positiva de 0,03%, a 31,53 reais, afastando-se das máximas da abertura, conforme os preços do petróleo no mercado externo também perdiam força. O barril de Brent era negociado com elevação de 0,31%. PRIO ON subia 0,22% e 3R PETROLEUM ON valorizava-se 0,98%.

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- VIBRA ON ganhava 0,62%, a 17,94 reais, com dados de sexta-feira da reguladora ANP mostrando aumento nos preços semanais nos postos de combustíveis no Brasil, após reajuste anunciado pela Petrobras na última quarta-feira.

- VALE ON tinha acréscimo de 0,34%, a 61,43 reais, tendo como pano de fundo alta dos contratos futuros de minério de ferro na Ásia, com o alívio por parte dos traders de que as siderúrgicas da principal província produtora da China ainda não implementaram cortes de produção e também com o corte de juros pelo BC chinês.

- PORTO SEGURO ON, que não está no Ibovespa, caía 3,74%, a 26,49 reais. O JPMorgan cortou a recomendação das ações para "neutra", mas estabeleceu preço-alvo de 32 reais para o final de 2024, de 29 reais em 2023. O Citi, que já tinha recomendação "neutra", elevou o preço-alvo de 25 para 27 reais.

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