Mais países expressam apoio a aumento do financiamento do FMI sem mudança de participação acionária

MARRAKESH, Marrocos (Reuters) - Aumentou o apoio nesta quarta-feira ao pedido apoiado pelos EUA para aumentar os recursos de empréstimo de cotas do Fundo Monetário Internacional sem mudanças na participação acionária, de acordo com declarações de vários países emitidas na reunião anual do FMI no Marrocos.

França, Reino Unido, Gana, Suíça, Finlândia e Bélgica disseram, em comunicados ao comitê diretor do FMI, que apoiam um aumento igualitário, segundo o qual os países contribuiriam com dinheiro proporcionalmente à sua participação atual no FMI.

O ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, que tem pressionado por um aumento da participação acionária para o próprio país, para a China e para outros mercados emergentes de rápido crescimento, disse em um comunicado que o Brasil apoiaria esse aumento de cota se ele fosse associado a um aumento de cota "ad-hoc" para os membros do FMI mais "flagrantemente sub-representados".

"A não realização de quaisquer progressos no sentido do realinhamento das cotas e de uma governança mais representativa do FMI abriria um precedente perigoso e enviaria um sinal muito negativo sobre o compromisso dos membros em reforçar o multilateralismo", declarou Haddad.

O FMI disse na terça-feira que estava vendo um "apoio substancial" para a proposta dos EUA, com o objetivo de reforçar o poder de empréstimo de 1 trilhão de dólares do Fundo e mantê-lo no centro da rede de segurança financeira global.

A diretora administrativa do FMI, Kristalina Georgieva, disse que os recursos extras são necessários para garantir que o Fundo possa responder a outra crise de grande escala. Com o ímpeto crescente por trás da proposta dos EUA, ela pediu um prazo para realinhar o poder de voto para refletir o crescimento dos grandes mercados emergentes e preservar a legitimidade política do Fundo, acrescentando que, sem um ajuste, "estamos presos".

As contribuições de cotas, que se baseiam nas participações acionárias dos países membros, representam atualmente apenas cerca de 40% dos recursos totais do FMI, com promessas de capital de emergência e empréstimos bilaterais compondo o restante.

O último aumento nas cotas ocorreu em 2010, quando o Produto Interno Bruto da China era um terço do nível atual. A China seria a maior vencedora em qualquer realinhamento de cotas, com 6,08% do poder de voto do FMI e cerca de 18% do PIB global.

Mas com o sentimento anti-China em alta no Congresso dos EUA, qualquer incremento de financiamento do FMI que aumente a influência de Pequim enfrentaria forte oposição.

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A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, propôs o plano "dinheiro agora, ações depois" como uma forma de contornar a questão da China e acelerar os recursos para o FMI.

Ela disse em sua declaração ao Comitê Monetário e Financeiro Internacional que os EUA estavam comprometidos com um realinhamento "justo e simples" das ações com base no tamanho econômico, mas "lamentamos" que não se tenha chegado a um acordo.

"Na ausência de uma nova fórmula, um aumento igualitário é o único resultado viável que evita a escolha arbitrária de vencedores e perdedores", disse ela.

(Reportagem de David Lawder; reportagem adicional de Bernardo Caram, em Brasília)

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