Ibovespa fecha em alta com apoio de Vale e quebra série de quedas

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, quebrando uma série de cinco pregões de baixa, com as ações da Vale respondendo pelo principal suporte na esteira do avanço dos futuros do minério de ferro na China.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,87%, a 113.761,90 pontos, após cair mais de 3% nas últimas cinco sessões. Na máxima do dia, chegou a 114.248,72 pontos. Na mínima, a 112.813,83 pontos.

O volume financeiro somou 20,5 bilhões de reais, ante uma média diária do ano de 25,1 bilhões. Apenas em outubro, a média diária está em 23,3 bilhões de reais.

Na visão do sócio e gestor de ações da Ace Capital Tiago Cunha, ainda falta convicção aos investidores na bolsa paulista para aumentar as posições diante das incertezas no cenário, principalmente no exterior.

"Os efeitos da política monetária dos Estados Unidos, e mais recentemente as dúvidas sobre a taxa de juros de equilíbrio naquela economia, têm efeitos relevantes nos mercados, em especial nos emergentes", afirmou.

Cunha avalia que uma melhora consistente só viria com uma sinalização mais clara sobre a taxa de juros terminal nos EUA, além da própria "exaustão" do movimento de volatilidade, com a redução das posições no mercado de dívida.

O Federal Reserve anuncia decisão de juros na próxima semana, e o mercado aguarda sinais sobre os próximos passos do banco central dos EUA, uma vez que a maioria das apostas segue de manutenção do juro no intervalo de 5,25% e 5,5% ao ano.

Nesta terça-feira, o rendimento do título de 10 anos do Tesouro norte-americano trocou de sinal algumas vezes e marcava 4,8145% no final da tarde, de 4,838% na véspera, o que avalizou o avanço na bolsa paulista.

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O S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, também ajudou, subindo 0,73%, em meio a expectativas para os resultados de Microsoft e Alphabet, divulgados após o fechamento de Wall Street.

No Brasil, o assessor da Blue3 Investimentos Rafael Gamba chamou a atenção para aprovação pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado da prorrogação da desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia o final de 2027.

A proposta, que desagrada o governo, será agora analisada pelo plenário da Casa.

Estrategistas do Safra estimaram o Ibovespa em 142 mil pontos no final de 2024, argumentando entre outros pontos que a disciplina fiscal é fundamental para garantir uma perspectiva favorável diante de um quadro ainda desafiador no exterior.

DESTAQUES

- VALE ON subiu 2,29%, a 63,99 reais, em dia de alta expressiva dos futuros do minério de ferro na China, com Pequim preparando uma emissão adicional de dívida soberana como parte dos esforços para estimular o crescimento econômico. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações diurnas com alta de 3,8%. A Vale divulga seu balanço trimestral na quinta-feira, após o fechamento do mercado.

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- PETROBRAS PN avançou 1,50%, a 35,88 reais, após o tombo na véspera (-6,6%), com agentes financeiros ainda avaliando propostas aprovadas pelo conselho de administração da companhia que desencadearam preocupações sobre os dividendos extraordinários e a governança da empresa. As ações tocaram a máxima do pregão desta terça-feira, a 36,19 reais, após a Reuters publicar entrevista com o vice-presidente financeiro da estatal afirmando que a proposta da Petrobras para a criação de uma reserva de remuneração do capital tem como objetivo garantir recursos unicamente para o pagamento de dividendos. Ainda no radar, o diretor-geral da agência reguladora ANP afirmou estar otimista com o próximo leilão de blocos exploratórios de petróleo e gás no pré-sal, apesar da ausência da Petrobras. A recuperação da ação ocorreu mesmo com a queda do petróleo no exterior.

- ITAÚ UNIBANCO PN fechou estável, a 26,99 reais, e BRADESCO PN também terminou estável, a 14,18 reais, com agentes financeiros se preparando para a temporada de balanços do setor, que começa na quarta-feira com os números do Santander Brasil antes da abertura do pregão. SANTANDER BRASIL UNIT valorizou-se 2,54%, a 27,47 reais.

- SUZANO ON recuou 3,47%, a 52,51 reais, contabilizando seis quedas em sete pregões, em meio a movimento de correção após avançar em setembro (+8,2%), agosto (+4,3%) e julho (+8,7%). Em outubro, acumula um declínio de cerca de 3,26% até o momento. A fabricante de celulose e papel reporta seu desempenho trimestral na quinta-feira, após o fechamento do mercado. No setor, KLABIN UNIT, que publica balanço na quarta-feira, perdeu 1,34%.

- EZTEC ON caiu 1,53%, a 15,40 reais. Analistas do UBS BB atualizaram seus modelos para o setor e reiteraram recomendação de "venda" para as ações da Eztec, enquanto reduziram o preço-alvo de 16 para 15 reais.

- WEG ON avançou 3,27%, a 35,01 reais, em véspera de divulgação do resultado do terceiro trimestre. Analistas do Itaú BBA recomendam que investidores reduzam posições vendidas, argumentando que a empresa pode registrar desaceleração apenas moderada na receita e nas margens este trimestre.

- RAÍZEN PN fechou com acréscimo de 4,17%, a 3,75 reais. Na véspera, a Datagro estimou que a produção de açúcar do centro-sul do Brasil em 2024/25 (abril/março) em um recorde de 42,6 milhões de toneladas, com usinas priorizando a fabricação do adoçante em detrimento do etanol. Paralelamente ao aumento da produção do Brasil, o mercado global de açúcar seguirá em déficit, já que outros países estão com safras mais baixas. COSAN ON terminou com elevação de 3,25%, a 16,18 reais

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- ALPARGATAS PN valorizou-se 5,24%, a 7,83 reais, em mais um dia de forte alta após uma correção expressiva no mês. Até a última sexta-feira, acumulava queda de mais de 10%.

- CARREFOUR BRASIL ON cedeu 3,40%, a 8,81 reais, antes de dados sobre vendas no terceiro trimestre, previstos para essa terça-feira, após o fechamento do mercado.

- MAHLE METAL LEVE ON, que não está no Ibovespa, subiu 7,37%, a 40,80 reais, após a fabricante de autopeças anunciar uma oferta primária e secundária de ações da ordem de 950 milhões de reais, afirmando que pretende utilizar os recursos captados com a oferta primária exclusivamente para pagamento de dividendos.

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