Eneva tem prejuízo no 3º tri, mas projeta boa demanda por calor, diz CFO

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Eneva registrou prejuízo líquido de 86,9 milhões de reais entre julho e setembro, por efeitos contábeis, mas tem boas perspectivas para o quarto trimestre, após ter acionado grande parte de seu parque termelétrico diante de forte calor no Brasil antes mesmo de o verão começar, disse à Reuters nesta segunda-feira o CFO Marcelo Habibe.

O prejuízo, ante um lucro líquido de 237,8 milhões de reais no mesmo período do ano passado, ocorreu principalmente por efeitos da valorização do dólar em contrato de afretamento da Unidade Flutuante de Armazenamento e Regaseificação de Gás Natural (FSRU) em Sergipe, disse ele.

O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado no terceiro trimestre, por sua vez, foi de 903,1 milhões de reais, avanço de 51,1% frente ao mesmo período de 2022.

Habibe pontuou em entrevista que foi "um trimestre sem grandes acontecimentos", citando por exemplo pouco despacho térmico ou a ausência de novos negócios a serem anunciados. No entanto, afirmou que a empresa mostrou a resiliência do seu negócio, com um Ebitda "expressivo".

Dentre as principais contribuições para o Ebitda, segundo a companhia, está o reconhecimento integral do Hub Sergipe (antiga Celse) e da UTE Fortaleza (CGTF) no resultado, após as aquisições realizadas no final do ano passado.

Também contribuiu com o resultado a redução de despesas e custos gerenciáveis, pela crescente disponibilidade da termelétrica Jaguatirica II no período e ainda a entrada em operação comercial do Complexo Solar Futura I ao final de maio de 2023.

No terceiro trimestre, a produção de gás natural da companhia totalizou 0,29 bilhão de metros cúbicos (bcm), sendo 0,23 bcm no Complexo Parnaíba e 0,06 bcm na Bacia do Amazonas, no campo de Azulão, para suprimento à UTE Jaguatirica II.

A geração termelétrica total de energia bruta no trimestre foi de 1.406 GWh, proveniente das operações das usinas do Complexo Parnaíba e da UTE Jaguatirica II.

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PRÓXIMO TRIMESTRE

Para o quarto trimestre, no entanto, as perspectivas são diferentes.

Habibe afirmou que a companhia acionou todo seu complexo termelétrico de Parnaíba nesta semana para contribuir com a segurança do abastecimento elétrico nacional, diante de forte calor. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) também já solicitou o acionamento de suas térmicas a carvão, o que deverá ocorrer na terça-feira, disse o CFO.

"Se a demanda for até o fim do ano, será um resultado bem expressivo", disse Habibe.

"O verão nem começou, então a expectativa é que a gente tenha um verão muito quente esse ano... a consequência imediata disso é muita demanda por energia elétrica, ar condicionado, residencial e industrial, nos escritórios, isso puxa muito a carga do país."

O executivo destacou que as térmicas foram acionadas apesar das hidrelétricas estarem com reservatórios em boas condições e o país contar com grande estrutura de energias renováveis, mostrando a importância da existência dos parques termelétricos para garantir a segurança do sistema.

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