Produção do setor siderúrgico deve cair 3% em 2024, diz Aço Brasil

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O mercado de aço deve registrar um recuo de 3% na produção no Brasil em 2024 em comparação a este ano, para 30,4 milhões de toneladas, disse o Instituto Aço Brasil, entidade que representa siderúrgicas com operação no país, nesta quinta-feira.

Nas vendas internas, o Aço Brasil projetou queda de 6% em 2024, para cerca de 18 milhões de toneladas, diante de maiores importações.

A entidade espera que as importações avancem 20% no próximo ano, para cerca de 6 milhões de toneladas, sendo lideradas pela China. Por outro lado, as exportações devem crescer 1,3%, totalizando aproximadamente 12 milhões de toneladas.

As importações estão em uma trajetória crescente nos últimos anos, e o setor negocia junto ao governo federal a adoção de uma alíquota de importação de 25% para alguns produtos siderúrgicos de forma a proteger a indústria nacional.

Em 2022, as importações de aço eram de cerca de 3,3 milhões de toneladas e este ano devem ficar em aproximadamente 5 milhões, conforme projeção do instituto.

"A situação é dramática e vai gerar consequências drásticas para a siderurgia brasileira", disse o presidente do conselho do Instituto Aço Brasil, Jefferson de Paula, a jornalistas.

"Se não tiver uma proteção emergencial vamos parar unidades, haverá desemprego, postergar investimentos e há risco de desabamento do mercado interno", afirmou o presidente-executivo do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes.

A nova alíquota de importação teria de ser aprovada até o fim do ano para ser implementada ainda no primeiro trimestre de 2024, caso contrário, as medidas e demissões começarão a ser adotadas a partir do primeiro trimestre do próximo ano, de acordo com executivos do instituto.

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"O pleito é emergencial. Pode ser por um ano ou um ano e pouco", disse de Paula.

As conversas com o governo para adoção dessa alíquota emergencial de importação de 25% estão em andamento, e, apesar de a medida precisar ser discutida no âmbito do Mercosul em função da Tarifa Externa Comum (TEC), de Paula afirmou acreditar que o governo será sensível ao impacto sobre o setor.

"Acreditamos que o governo será sensível, entenderá o impacto sobre o segmento e o que isso representa em empregos e faturamento", disse ele.

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