Dólar sobe ante real com ajustes técnicos e influência do exterior

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista fechou a quarta-feira em alta ante o real, numa sessão marcada por ajustes técnicos, após a divisa acumular queda superior a 3% em novembro, e pelo avanço da moeda norte-americana também no exterior, na esteira de novos dados sobre a economia dos EUA.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8865 reais na venda, em alta de 0,28%. Em novembro, a moeda ainda acumula baixa de 3,06%.

Na B3, às 17:15 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,40%, a 4,8920 reais.

No início da sessão, o dólar chegou a ceder ante o real, dando continuidade ao movimento da véspera e com investidores ainda repercutindo comentários de autoridades do Federal Reserve.

Na tarde de terça-feira o diretor do Fed Christopher Waller disse que as autoridades do banco central parecem cada vez mais confortáveis em encerrar 2023 sem mexer na taxa básica de juros.

A fala reforçou a avaliação de que o Fed tende a manter sua taxa básica na faixa de 5,25% a 5,50% e pode iniciar o processo de cortes ainda no primeiro semestre de 2024. O movimento, em tese, é desfavorável ao dólar.

Neste cenário, o dólar à vista marcou a cotação mínima de 4,8649 reais (-0,17%) às 9h03.

A moeda norte-americana, no entanto, migrou para o território positivo ainda pela manhã, com profissionais do mercado citando diferentes motivos para a alta.

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“Com uma queda acumulada de mais de 3% em novembro, é compreensível que haja um ajuste para cima das cotações”, comentou o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo.

Profissionais citaram ainda a demanda maior pela moeda norte-americana -- algo comum em finais de ano, quando multinacionais e fundos costumam mandar recursos para outros países -- e a briga pela formação da Ptax de fim de mês, que vai se intensificar na quinta-feira.

A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista e que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).

Divulgados na manhã desta quarta-feira, os dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA também impactaram as cotações. Os números mostraram que a economia norte-americana cresceu a uma taxa anualizada de 5,2% no último trimestre, acima do ritmo de 4,9% informado anteriormente. Economistas consultados pela Reuters esperavam que o crescimento do PIB seria revisado para cima, a uma taxa de 5,0%.

Embora os gastos do consumidor tenham sido revisados para baixo, o resultado cheio do PIB dos EUA deu força ao dólar em relação às divisas fortes e ante a maior parte das moedas de emergentes e exportadores de commodities.

No Brasil, o movimento fez o dólar à vista marcar a máxima de 4,9061 reais (+0,68%) às 11h19.

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Durante a tarde, porém, o dólar index -- que mede a relação da divisa norte-americana ante uma cesta de moedas fortes – perdeu força, o que fez a divisa dos EUA também desacelerar no Brasil

Divulgado às 16h, o Livro Bege do Fed -- relatório com apontamentos da instituição sobre a economia -- registrou que a atividade nos EUA desacelerou do fim de outubro até meados de novembro, enquanto as empresas relataram uma moderação da inflação e maior facilidade na contratação de empregos.

Às 17:15 (de Brasília), o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- subia 0,18%, a 102,800.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de fevereiro.

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