Citigroup vê perda de bilhões de dólares no crédito se combate à mudança climática acelerar

Por Isla Binnie e Tatiana Bautzer e Pete Schroeder

NOVA IORQUE/WASHINGTON (Reuters) - O Grupo Citi poderia sofrer perdas de bilhões de dólares em sua carteira de empréstimos se o mundo acelerasse os esforços para combater as alterações climáticas, de acordo com uma análise confidencial preparada pelo banco norte-americano e vista pela Reuters.

A análise foi elaborada pelo Citigroup no verão passado, enquanto se preparava para apresentar ao Federal Reserve a forma como planejava gerir os impactos das alterações climáticas. Cinco outros grandes bancos dos EUA também foram obrigados a fazer apresentações confidenciais seguindo as mesmas instruções do Fed.

A Reuters não conseguiu estabelecer quanto da informação contida no documento que analisou chegou à apresentação oficial do Citigroup, sobre a qual o banco se recusou a comentar.

A análise afirmou que, se os esforços para combater as alterações climáticas se intensificassem o suficiente para colocar o mundo no caminho de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa para zero numa base líquida até 2050, o banco sofreria 10,3 bilhões de dólares em perdas com empréstimos ao longo de dez anos, mais do que os 7,1 bilhões de dólares em perdas esperadas se esses esforços não se acelerassem.

O exercício assumiu que os balanços de todos os seis bancos não mudariam nesse período.

Embora o impacto estimado para o Citigroup seja pequeno em relação à carteira de empréstimos de 730 bilhões de dólares avaliada, a análise fornece uma visão rara sobre como a transição dos combustíveis fósseis poderia afetar um banco do topo de Wall Street numa área chave de seu negócio.

As perdas ocorreriam porque alguns dos mutuários do Citigroup nos setores do petróleo, gás e imobiliário sofreriam impacto financeiro se o mundo fosse imediatamente colocado no caminho certo para reduzir as emissões globais de gases com efeito de estufa para zero numa base líquida até 2050, diz o documento visto pela Reuters.

Isso sublinha os desafios que o Citigroup e outros bancos que se comprometeram a reduzir suas próprias emissões para zero enfrentam na gestão da exposição da sua carteira de empréstimos, disse Greg Hopper, ex-diretor de risco do Grupo Goldman Sachs e atualmnte membro sênior do Bank Policy Institute.

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“Quando o ritmo de transição de uma empresa é muito rápido ou muito lento em relação ao ritmo real de transição do mercado subjacente, ela pode sofrer perdas”, disse Hopper.

Um porta-voz do Citigroup recusou-se a comentar além do que o banco disse em um relatório sobre alterações climáticas divulgado no mês passado. Esse documento afirmou que a apresentação ao Fed produziu informações úteis sobre vulnerabilidades, mas não continha sua análise de perdas potenciais.

As ações do Citigroup oscilavam em leve baixa na tarde desta quarta-feira em Nova York, em queda de 0,17%, a 61,18 dólares.

(Reportagem de Isla Binnie e Tatiana Bautzer em Nova York e Pete Schroeder em Washington)

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