Anglo rejeita última tentativa da BHP de continuar negociações para aquisição

Por Clara Denina e Felix Njini e Melanie Burton

LONDRES/JOHANNESBURG/MELBOURNE (Reuters) - A Anglo American rejeitou nesta quarta-feira o pedido de última hora da BHP por mais tempo para discutir uma oferta de aquisição de 49 bilhões de dólares, considerando-a altamente complexa e provavelmente encerrando uma tentativa de compra pela mineradora rival que dura cinco semanas.

A Anglo havia concedido à BHP uma prorrogação de uma semana, até a tarde desta quarta-feira, frente ao prazo original de 22 de maio para apresentar uma oferta vinculante, depois de ter rejeitado uma terceira proposta de aquisição que considerou difícil de ser executada.

A BHP ainda tem até essa data para fazer uma oferta firme ou desistir. A companhia não respondeu imediatamente a um pedido de comentário, mas já havia indicado anteriormente que não faria uma oferta hostil.

A Anglo, listada em Londres, concordou em manter conversas com a BHP para tentar resolver as preocupações sobre a estrutura do acordo proposto, isto é, sua condição de que a Anglo separe as unidades de platina e minério de ferro da África do Sul antes da aquisição.

Em uma declaração anterior, a BHP disse que precisava de mais tempo no processo com a Anglo, ao mesmo tempo em que delineava compromissos para minimizar o risco regulatório na África do Sul.

Esses compromissos incluíam a segurança do emprego dos funcionários na África do Sul. A BHP também disse que arcaria com os custos do aumento da participação dos funcionários sul-africanos, que deverá ser exigido em qualquer cisão.

Mas a Anglo sinalizou que esses compromissos não eram suficientes.

"A BHP continua a reafirmar sua crença de que os riscos de sua estrutura complexa não são materiais, mas declarou repetida e consistentemente, tanto publicamente quanto durante os compromissos, que não está disposta a alterar a estrutura proposta para assumir esses riscos", disse a Anglo em comunicado.

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"O anúncio de hoje me diz que a BHP está fazendo tudo o que pode para aplacar quaisquer preocupações que a diretoria da Anglo possa ter do ponto de vista dos empregos na África do Sul e do ponto de vista regulatório", disse o analista Hayden Bairstow, da corretora Argonaut, em Perth, sobre o pedido da BHP por mais tempo.

Entretanto, uma fonte próxima à visão da Anglo disse que os investidores compartilhavam as reservas expressas pela companhia sobre a proposta da BHP.

"A maioria dos acionistas da Anglo entende perfeitamente as preocupações que estão sendo expressas e não acredito que eles considerem que os riscos da estrutura e do preço foram totalmente levados em consideração pela BHP", disse a fonte.

A última proposta da BHP avalia a Anglo em 29,34 libras por ação ou 38,6 bilhões de libras (49 bilhões de dólares). A compra da Anglo fortaleceria a posição da BHP no cobre e em outros metais essenciais da transição mundial para energia limpa.

A Anglo, por sua vez, delineou seu próprio plano para alienar ativos menos lucrativos e se concentrar na expansão da produção de cobre.

(Reportagem de Clara Denina em Londres, Felix Njini em Joanesburgo, Melanie Burton em Melbourne e Scott Murdoch em Sydney; reportagem adicional de Amy-Jo Crowley, Sameer Manekar)

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