Mercado de títulos da China fica agitado com confronto entre BC e compradores

XANGAI/HONG KONG (Reuters) - A demanda por títulos do governo chinês caiu de forma acentuada nesta segunda-feira, após uma semana turbulenta em que o banco central começou a intervir fortemente para conter a queda nos rendimentos de longo prazo, à medida que a economia enfrenta dificuldades.

Os futuros do título de 10 anos da China caíram 0,6% em seu pior dia em 17 meses, enquanto os rendimentos dos títulos, que se movem inversamente aos preços, saltaram cerca de 4 pontos-base.

Entretanto, investidores afirmam que o mercado de títulos públicos ainda tem pernas para andar, citando a economia instável da China, as pressões deflacionárias e o baixo apetite dos investidores por ativos mais arriscados.

"Continuamos ativamente como compradores", disse um gestor de fundos de títulos, sem se deixar abater pelas medidas do governo para esfriar o mercado de títulos e deter uma queda nos rendimentos.

"Não vemos um cenário econômico otimista... e estamos sob pressão para gerar retornos", disse um gestor de Pequim, que pediu anonimato devido à sensibilidade do assunto.

O banco central da China tem alertado repetidamente sobre os riscos de bolhas potencialmente desestabilizadoras, uma vez que os investidores correm atrás dos títulos do governo e se afastam das ações e de um mercado imobiliário em queda, enquanto os bancos cortam as taxas de depósito.

A queda dos rendimentos também complica os esforços do Banco do Povo da China para estabilizar o enfraquecimento do iuan.

Mas com o banco central agora transformando suas ameaças em ações para conter a busca por títulos, as autoridades abriram uma nova frente de batalha -- após guerras travadas há muito tempo contra especuladores e movimentos indesejáveis de preços nos mercados de ações e de câmbio.

O primeiro movimento ocorreu na segunda-feira passada, quando os rendimentos de longo prazo da China atingiram mínimas recordes em meio a uma venda global de ações que levou o dinheiro para ativos seguros.

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Os bancos estatais chineses foram vistos vendendo grandes quantidades de títulos de 10 e 30 anos depois que os futuros atingiram máximas recordes.

O dumping de dívidas por parte dos bancos estatais -- confirmado por dados e operadores -- continuou ao longo da semana, refletindo a forma como o banco central usa as grandes instituições financeiras como agentes, às vezes, para influenciar o mercado de câmbio, disseram os operadores.

Na sexta-feira, o banco central disse que aumentará gradualmente a compra e a venda de títulos em suas operações de mercado aberto.

Em outro alerta aos compradores, o banco central deixou de fornecer dinheiro através de operações de mercado aberto na quarta-feira pela primeira vez desde 2020, contribuindo para a maior retirada semanal de dinheiro em quatro meses em apoio aos rendimentos.

A enxurrada de medidas deixou alguns investidores cautelosos.

Os futuros dos títulos de 10 e 30 anos ampliaram as quedas nesta segunda-feira, após registrarem sua primeira queda semanal em um mês.

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"Tendo em conta todos os fatores, seria prudente exercer cautela adicional em relação ao risco de duração na China", disse Kiyong Seong, estrategista para a Ásia na Société Générale, referindo-se ao risco de deter títulos de longo prazo.

(Por Li Gu e Samuel Shen em Xangai; Summer Zhen em Hong Kong)

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