Dólar sobe ante real após escalada do conflito entre Rússia e Ucrânia
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - A escalada do conflito entre Rússia e Ucrânia no leste da Europa justificou a busca global por ativos mais seguros nesta terça-feira, como o dólar e os títulos dos Estados Unidos, o que fez a moeda norte-americana fechar a sessão em alta ante o real.
O dólar à vista fechou o dia com avanço de 0,34%, cotado a 5,7679 reais. Em novembro, no entanto, a divisa acumula baixa de 0,24%.
Às 17h09, o dólar para dezembro -- o mais líquido atualmente no Brasil -- subia 0,35%, aos 5,7760 reais.
No exterior, o ataque da Ucrânia ao território da Rússia com mísseis norte-americanos -- o primeiro do atual conflito -- elevou as tensões no leste europeu.
Já a Rússia emitiu um sinal de alerta aos Estados Unidos ao alterar suas regras para um ataque nuclear, apenas alguns dias depois que o governo do presidente Joe Biden supostamente permitiu que a Ucrânia dispare mísseis norte-americanos no território russo. A doutrina atualizada descreve as ameaças que fariam com que a Rússia, maior potência nuclear do mundo, usasse estas armas.
Em reação às notícias os investidores foram em busca de ativos de segurança, como títulos norte-americanos e o dólar, em detrimento das moedas de países emergentes como o real.
Após atingir a cotação mínima de 5,7453 reais (-0,05%) às 9h27, ainda na primeira meia hora de negócios, o dólar à vista marcou a máxima de 5,7987 reais (+0,88%) às 10h25.
“Este novo protocolo nuclear da Rússia mexeu com o mercado”, pontuou durante a tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik. “E como é véspera de feriado, muitos agentes também se protegem (na moeda norte-americana), ainda mais porque ainda esperam pela divulgação do pacote fiscal do governo”, acrescentou.
O feriado do Dia da Consciência Negra manterá o mercado brasileiro de moedas fechado nesta quarta-feira, enquanto as operações ocorrem normalmente no exterior.
Pelo cálculo de alguns agentes, há mais chances de o pacote sair a partir de quinta-feira, pós-feriado, já que o encontro do G20 no Rio de Janeiro terminará nesta terça.
No mercado, a leitura é de que se o pacote de contenção de despesas for robusto haverá espaço para retirada de prêmios de risco na curva de juros futuros e na taxa de câmbio.
Pela manhã, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a defender a necessidade de um choque fiscal positivo para assegurar a redução dos prêmios de risco dos ativos brasileiros, que estariam elevados em razão das dúvidas do mercado sobre a capacidade do governo em equilibrar as contas públicas.
No fim da manhã o BC vendeu todos os 15.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de janeiro de 2025.
No fim da tarde parte do ímpeto de alta do dólar ante outras divisas já havia abrandado. Às 17h12, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,03%, a 106,190.
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