Premiê do Japão pede que Biden aprove acordo entre Nippon Steel e US Steel, dizem fontes

Por Tim Kelly e David Dolan e Aishwarya Jain

TÓQUIO (Reuters) - O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, enviou uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pedindo que ele aprove a aquisição da U.S. Steel pela Nippon Steel, a fim de evitar prejuízos aos esforços recentes de fortalecer os laços entre os dois países, de acordo com duas fontes familiarizadas com o assunto.

Biden se uniu a um poderoso sindicato dos EUA para se opor à aquisição de 15 bilhões de dólares da famosa empresa norte-americana pela maior siderúrgica do Japão e a encaminhou ao Comitê de Investimento Estrangeiro nos EUA (CFIUS, na sigla em inglês), um painel do governo que analisa os investimentos estrangeiros quanto aos riscos à segurança nacional.

O prazo para a análise do CFIUS termina no próximo mês, antes da posse do presidente eleito, Donald Trump - que tem prometido bloquear o acordo - em 20 de janeiro. O CFIUS pode aprovar o acordo, possivelmente com medidas para tratar de questões de segurança nacional, ou recomendar que o presidente o bloqueie. Ele também pode estender a análise.

"O Japão é o maior investidor nos EUA, com seus investimentos apresentando uma tendência constante de crescimento. A continuidade dessa tendência de aumento dos investimentos japoneses nos EUA beneficia nossos dois países, mostrando a solidez da aliança Japão-EUA para o mundo", disse Ishiba na carta, de acordo com uma cópia vista pela Reuters.

As fontes confirmaram que a carta foi enviada a Biden em 20 de novembro.

"Sob sua Presidência, essa aliança tem alcançado uma força sem precedentes. Pedimos respeitosamente que o governo dos EUA aprove a aquisição planejada pela Nippon Steel para não lançar uma sombra sobre as conquistas que você tem acumulado nos últimos quatro anos", disse a carta.

A embaixada dos EUA no Japão não quis comentar. O gabinete de Ishiba encaminhou as perguntas ao Ministério das Relações Exteriores, que não se manifestou imediatamente. A Nippon Steel se recusou a comentar e a U.S. Steel não respondeu imediatamente a um pedido de comentário fora do horário comercial dos EUA.

A abordagem direta de Ishiba parece marcar uma mudança na postura do governo japonês em relação ao acordo, que se tornou uma questão política antes da eleição presidencial dos EUA.

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O antecessor de Ishiba, Fumio Kishida, procurou distanciar seu governo da polêmica aquisição, apresentando-a como uma questão de negócios privados, mesmo com a crescente oposição política dos EUA.

A união parecia destinada a ser bloqueada quando o CFIUS alegou, em uma carta enviada às empresas em 31 de agosto, que a transação representava um risco para a segurança nacional ao ameaçar a cadeia de suprimentos de aço para setores críticos dos EUA.

Mas o processo de revisão acabou sendo estendido até depois da eleição para dar ao painel mais tempo para entender o impacto do acordo sobre a segurança nacional e para se envolver com as partes, disse uma pessoa familiarizada com o assunto.

Antes de Ishiba assumir o cargo em 1º de outubro, ele disse que qualquer movimento dos EUA para bloquear o acordo com base na segurança nacional seria "muito perturbador", dadas as relações estreitas entre os aliados.

Não ficou claro se Biden havia respondido à carta.

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