Itaú está "confortável" com previsões para 2025, mas pode reagir rápido se cenário melhorar

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Itaú Unibanco espera uma relativa estabilidade dos índices de inadimplência da instituição em 2025, mas não descarta alguma volatilidade, dado o cenário mais desafiador, afirmou nesta quinta-feira o presidente-executivo do maior banco do país, Milton Maluhy Filho.

"Naturalmente, pode ter alguma volatilidade para cima...mas em patamares muito parecidos com o que estamos observando", afirmou o executivo em entrevista a jornalistas após o banco divulgar o balanço de 2024 na véspera e previsões para este ano, incluindo desaceleração do crescimento do crédito.

No quarto trimestre do ano passado, a inadimplência total acima de 90 dias do Itaú ficou em 2,4%, de 2,6% em setembro e 2,8% um ano antes.

"É muito difícil imaginar que vamos continuar melhorando os indicadores de atraso, até porque estamos nas mínimas históricas", acrescentou.

O Itaú também divulgou na véspera estimativa de expansão de 4,5% a 8,5% na carteira de crédito total, uma desaceleração frente ao crescimento de 15,5% no ano passado. O resultado de 2024, porém, superou o guidance, de aumento de 9,5% a 12,5%.

Maluhy afirmou que o banco está bastante confortável com a projeção, mas acrescentou que se houver uma mudança de cenário para melhor, o Itaú tem uma capacidade de acelerar e reagir muito grande, dado os níveis de capital e a capacidade de execução.

"Nossa capacidade de reação é instantânea, eu diria que é diária...estamos muito confortáveis com esse crescimento, dada as perspectivas", reforçou. "Nós estamos absolutamente conscientes do guidance e dos desafios, e muito confortáveis com os números que estão colocados."

A cenário do Itaú para 2025 contempla um crescimento de 2,2% do PIB, com inflação de 5,8%, taxa Selic de 15,75% e taxa de câmbio de 5,90 reais por dólar no final do ano.

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De acordo com o executivo, mesmo com prognósticos de um ambiente macro mais difícil no próximo ano, a perspectiva é de um resultado muito forte ainda para 2025, especialmente com a rentabilidade muito alta, com rentabilidade ainda acima de 20%. Em 2024, o retorno sobre o patrimônio (ROE) ficou em 22,2%.

O banco "está muito preparado para enfrentar qualquer tipo de cenário", enfatizou, acrescentando que também está confortável com o custo do crédito da instituição, estimado entre R$34,5 bilhões e R$38,5 bilhões para 2025, dos R$34,5 bilhões em 2024.

Maluhy afirmou que a estratégia de crescimento não muda em relação a 2024 e 2023, com o banco ainda muito focado nos clientes que são mais resilientes ao ciclo.

"A oportunidade, aparecendo, vamos sem dúvida nenhuma, como sempre fizemos, avançar na velocidade necessária e vamos continuar com a agenda central do banco, que é a agenda de centralidade, agenda de hiperpersonalização, agenda de proximidade e agenda de engajamento."

Na bolsa paulista, às 10h43, as ações do Itaú recuavam cerca de 1%, entre os destaques negativos do Ibovespa, que rondava a estabilidade. Analistas consideraram sólidos os números do quarto trimestre do banco, mas as previsões para o ano conservadoras.

"Nós enxergamos o guidance como inicialmente decepcionante no que diz respeito à última linha do balanço, embora também vejamos o nível de provisionamento do banco como resultado da consideração de um cenário muito desafiador, o que pode fornecer algum espaço para reversões se a economia mostrar resiliência, ou alguma proteção se o cenário desafiador acontecer", pontuaram analistas do Citi.

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"Além disso, apesar das pressões de despesas operacionais, acreditamos que há espaço para o Itaú entregar no topo do guidance", afirmaram em relatório a clientes, reiterando a recomendação de compra para as ações, com preço-alvo de 40 reais.

DIVIDENDOS ADICIONAIS

Após anunciar R$18 bilhões em remuneração adicional a acionistas, sendo R$3 bilhões em recompras e cancelamento de ações durante o ano de 2025, o presidente-executivo do Itaú sinalizou que deve voltar a entregar dividendos adicionais.

O executivo explicou que no final do ano o banco vai olhar o índice de capital, quais são os desafios regulatórios de capacidade de crescimento para frente e definir um novo dividendo adicional.

"Tudo mais constante, daquilo que enxergamos hoje, sem uma mudança ao longo do ano, vamos para a mesa no final do ano para fazer como a gente estamos fazendo no início do ano, mais uma distribuição dividendo adicional", disse. "Nosso objetivo não é deter o excesso de capital."

Em 2024, o banco totalizou R$28,7 bilhões - 69,4% do resultado recorrente auferido no ano - distribuídos aos acionistas, um crescimento de 33,8% sobre a distribuição de 2023.

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Questionado sobre o nível de retorno aos acionistas do Itaú Unibanco este ano, o executivo afirmou que a instituição está com sensibilidade a câmbio sob hedge e que, "portanto, o banco pode trabalhar mais alavancado, se achar que faz sentido".

"Isso pode significar payouts mais relevantes no tempo", disse o executivo a analistas evitando fazer uma previsão para este ano.

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