Contas públicas e fala de Levy deixam dólar e bolsa voláteis
Os mercados domésticos estão voláteis neste último dia do primeiro trimestre. Os investidores analisam o resultado das contas fiscais do governo e acompanham as declarações do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Nessa audiência, Levy reiterou a importância do ajuste fiscal para pavimentar o caminho futuro da economia e destacou o alto custo que viria com a perda do grau de investimento, citando a manutenção desse status como mais um motivo para a correção nas contas públicas.
Câmbio
O dólar segue em firme baixa ante o real nesta terça-feira, mas em meio a intensa volatilidade. A moeda americana chegou a subir mais de 1% na abertura, caiu quase 2% na mínima, por pouco não zerou a queda em seguida e agora volta a recuar mais de 1%. O câmbio aqui opera descolado do movimento externo, marcado pela alta do dólar.
Segundo operadores, ajustes de posições em meio à formação da Ptax de fim de trimestre (a cotação ponderada pelo Banco Central que corrige contratos futuros de dólar) ajudam a explicar a virada nas cotações. "Hoje é aquele dia sem lógica no mercado. Talvez depois da definição da Ptax as coisas façam mais sentido, mas por ora são operações grandes e de poucos agentes que estão movendo o mercado", diz o profissional de uma corretora.
Às 12h55, o dólar comercial caía 1,44%, para R$ 3,1835, depois de oscilar entre R$ 3,2685 e R$ 3,1666. O euro cedia 1,80%, a R$ 3,4301.
No exterior, o Dollar Index - que mede a variação do dólar em relação a uma cesta de moedas - subia 0,43%.
Juros
O alívio no câmbio empurra os contratos futuros de juros para baixo nesta terça-feira, após um começo de sessão com as taxas bastante pressionadas, em reação à divulgação de números fiscais mais fracos. "O mercado está precificando um cenário muito ruim para as contas públicas e a economia. Isso potencializa os ajustes", afirma o profissional de um banco estrangeiro.
O alívio, contudo, é visto como momentâneo, diante das constantes incertezas com a implementação dos ajustes fiscais.
Às 12h55, o DI janeiro de 2016 caía para 13,520%, ante 13,589% no ajuste anterior e máxima hoje de 13,680%. O DI janeiro de 2017 tinha taxa de 13,430%, contra 13,469% no último ajuste e máxima de 13,650%. O DI janeiro de 2021 cedia a 13,000%, frente a 13,059% no ajuste da véspera.
Bolsa
A Bovespa também apresenta volatilidade no último pregão de março. Depois de uma abertura negativa, acompanhando a baixa dos mercados internacionais, a bolsa se recuperou com a ajuda das ações de bancos. Vale concentra as perdas, com queda de 3,24% após um novo recuo do preço do minério de ferro para mínima histórica.
Às 12h55, o Ibovespa subia apenas 0,04%, aos 51.263 pontos. Na mínima do dia, a bolsa chegou aos 50.612 pontos (-1,23%).
O minério de ferro negociado nos portos da China atingiu o menor patamar de preço desde 2008, quando a "The Steel Index" passou a acompanhar a commodity. A commodity caiu 3,6%, para US$ 51 por tonelada. A cotação praticamente empata com a média global de custos de produção das mineradoras, que gira em torno de US$ 50 a tonelada. Abaixo desses valores, as produtoras operariam no vermelho. Os novos projetos da Vale, contudo, como o S11D, de Carajás, no Pará, têm custo mais próximo a US$ 45 por tonelada extraída - considerando já os gastos com frete.
Na ponta positiva do índice está Sabesp ON (4,84%). A ação da empresa avança com a informação de que a Arsesp, órgão estadual que regula o setor de saneamento, publicou hoje no "Diário Oficial" chamado para consulta pública sobre uma proposta de reajuste de 13,87% nas tarifas da companhia, sendo 6,36% decorrentes do pedido de reajuste extraordinário feito pela empresa e outros 7% de correção monetária pelo IPCA, que corresponde ao reajuste anual ordinário.
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