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IBGE: Renda menor e crise na indústria geram queda recorde em serviços

14/01/2016 13h20


A perda da massa salarial das famílias ganhando força no segundo semestre de 2015, o aprofundamento da crise na indústria e o corte de gastos das empresas levaram a uma queda recorde do volume de serviços prestados no país, segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em novembro, o setor recuou 6,3%, na comparação com igual mês de 2014, pior resultado da série histórica do indicador, iniciada em janeiro de 2012. Foi o oitavo resultado negativo seguido, maior sequência de dados no vermelho. No ano, os serviços acumulam queda de 3,4% e, em 12 meses, retração de 3,1%.

O grupo Transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio recuou 8,2% em novembro. Foi o principal impacto negativo no resultado do setor no mês, com contribuição negativa de 2,6 pontos percentuais no índice geral. Dependente do setor industrial e do comércio, o segmento de transportes cai há oito meses consecutivos. Entre janeiro e novembro de 2015, a perda já acumula 6%. "Enquanto a indústria estiver passando por esse desaquecimento o transporte de carga vai acompanhar", afirmou o técnico da coordenação de serviços e comércio do IBGE, Roberto Saldanha. Ante novembro de 2014, a produção da indústria desabou 12,4%.

O transporte aquaviário, por outro lado, cresceu 15,6% e apresenta resultados positivos acima de dois dígitos desde novembro de 2014. A taxa, contudo, foi menor que aquela registrada em outubro (17,3%) e em setembro (25,4%). Os serviços prestados por essa atividade são beneficiados pelo aumento do dólar, já que boa parte dos contratos são estabelecidos na moeda americana. Não há dados, no entanto, sobre qual o impacto do aumento da exportação, com a desvalorização cambial, nessa atividade.

Com o corte de custos das empresas e de gastos das famílias, os serviços de informação e comunicação aprofundaram a queda, que, em novembro, chegou a 4,4%, contribuindo negativamenteo com 1,6 ponto percentual para a taxa total do mês. Para Saldanha, as linhas corporativas estão sendo menos usadas e as famílias resolveram cortar mensalidades de itens que não são essenciais, como a TV por assinatura. "Só um aumento da renda do trabalho e dos negócios vai levar o setor a ter novos ganhos reais", disse o técnico do IBGE.

O bolso mais vazio fez com que as famílias também cortassem serviços como lazer, idas ao salão de beleza e realização de cursos. De junho de 2014 a novembro de 2015, 18 meses no total, os serviços prestados às famílias apresentaram resultados negativos. Em novembro, ante igual mês do ano anterior, a queda foi de 6,6%. "É uma função direta com a renda do trabalhador", destacou Saldanha. Naquele mês, a massa salarial recuou 12,2%, ante novembro de 2014, segundo o IBGE.

Serviços profissionais, administrativos e complementares caíram 6,6%. O grupo outros serviços, que inclui atividades imobiliárias, manutenção e coleta de lixo, vem sofrendo fortemente com a crise. A queda de 7,4% foi a 12ª consecutiva, refletindo a crescente deterioração do setor no segundo semestre.

O IBGE informou ainda que a receita nominal do setor caiu 0,8% no penúltimo mês de 2015, mas acumulou alta de 1,4% no ano e de 1,6% em 12 meses.

Em novembro, cinco unidades da federação apresentaram variações positivas de volume de serviços. São Paulo, com recuo de 2,4% e Rio de Janeiro, com baixa de 2,5%, puxaram para baixo os resultados.