Dólar sobe com novo corte de rating e incertezas fiscais
O dólar sobe ante o real nesta quinta-feira, pressionado pelo corte das notas de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P), que evidenciou a frágil situação do país.
Às 10h58, a moeda americana era cotada a R$ 4,0204, com alta de 0,66%. O dólar para março subia 1,01%, para R$ 4,03850.
Notícias sugerindo que a reforma da Previdência terá ainda mais obstáculos para ser aprovada também reforçam a ideia de que a correção das contas públicas no Brasil ainda parece algo distante, o que tende a manter prêmios de risco mais altos para o país.
O real performa pior que seus pares, uma indicação de que as questões domésticas estão tendo mais peso nos negócios desta quinta-feira.
A S&P cortou a nota do Brasil em moeda estrangeira de longo prazo de "BB+" para "BB", mantendo o "rating" em perspectiva negativa. Hoje, a agência realiza às 13h (horário de Brasília) teleconferência para comentar a ação.
Embora não tenha sido exatamente uma surpresa, o rebaixamento serve de lembrete da grave situação fiscal pela qual o país passa e pode ser acompanhado por outras agências de risco, inclusive a Moody's - única das três grandes a manter o Brasil como grau de investimento.
Em um movimento tradicional, a agência cortou nesta manhã os "ratings" de algumas empresas brasileiras. O foco se volta para os efeitos que a piora da nota de crédito tem para as companhias e o governo de forma geral, em um momento em que os custos de financiamento ao Brasil já estão mais altos devido ao aumento do risco doméstico e também do internacional.
Conforme informa hoje o Valor, além de rebaixar o Brasil na escala global tanto em moeda local como em moeda estrangeira, a S&P tomou uma atitude inusitada e reduziu a classificação da dívida soberana na escala nacional, que considera apenas emissores com dívida em reais emitida no país. O "rating" soberano na escala nacional do Brasil foi rebaixado em três graus, de "AAA" para "AA-".
O "rating" na escala nacional é usado em todas as emissões de títulos de dívida corporativa local, incluindo debêntures, fundos de recebíveis (FIDC) e certificados de recebíveis imobiliários (CRI) e do agronegócio (CRA).
Em tese, a nota soberana deveria ser a maior em uma escala que envolva apenas emissores de um determinado país. Com o rebaixamento, praticamente todos os "ratings" emitidos pela S&P na escala nacional também precisarão ser reduzidos, avaliam executivos que acompanham esse mercado. O rating soberano em escala nacional era considerado como "AAA" mesmo antes de o país obter a classificação de grau de investimento, em 2008.
De acordo com o profissional de uma gestora, embora ainda não esteja claro o impacto dessa ação da S&P, o que se tem de certo é que os custos de captação interna deverão sofrer pressão de alta, o que tende a prejudicar empresas que dependem basicamente de financiamentos no mercado local, por já terem o acesso às fontes externas impedido ou limitado.
"Sem dúvida é mais um sinal de que a crise no Brasil ainda pode piorar, o que pode manter os prêmios de risco elevados. E prêmio de risco mais alto é dólar mais alto", diz a fonte.
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