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Juros futuros sobem devido a fala de diretor do BC e corte de rating

18/02/2016 17h00

As taxas dos contratos futuros de juros subiram nesta quinta-feira na BM&F, reagindo a comentários vistos pelo mercado como "hawkish" (mais propenso ao aperto monetário) do diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes.

O discurso de Mendes, durante evento na capital paulista, contribuiu para reforçar as apostas de que o BC deve manter a taxa de juros estável por período prolongando. Além disso, o mercado ajustou as posições ao rebaixamento da nota de crédito do Brasil, realizado ontem pela Standard & Poor's, que ajudou a aumentar a percepção de risco em relação ao país.

No evento fechado do Goldman Sachs, Mendes afirmou que o BC perseguirá o objetivo de levar o IPCA até 6,5% em 2016 e de buscar a convergência da inflação para a meta de 4,5% em 2017. O diretor ressaltou que "as expectativa e inércia inflacionária não deixam espaço para uma flexibilização das condições monetárias e que manter a vigilância é fundamental para fortalecer o cenário de convergência da inflação para a meta."

O DI para janeiro de janeiro, que chegou a negociar a 14,22% na mínima intradia, fechou a 14,32% ante 14,24% do ajuste do pregão anterior. O DI para janeiro de 2021 subiu de 15,75% para 15,97%.

Nesta semana, além de encontros com os diretores Altamir Lopes, de Política Econômica, e Tony Volpon, de Assuntos Internacionais, alguns profissionais de mercado tiveram reuniões privadas com o presidente do BC, Alexandre Tombini. Segundo matéria publicada hoje no Valor, esses profissionais saíram desses encontros com a percepção de que a Selic fica nos atuais 14,25% por um período prolongado e que um corte de juros está fora da mesa por ora.

Rebaixamento

Embora já fosse esperado novos rebaixamento da nota de crédito do Brasil, o corte do rating soberano ontem pela S&P reforça a preocupação com a trajetória da dívida bruta brasileira e aumenta a percepção de risco em relação aos ativos locais, com os investidores podendo cobrar prêmios maiores para investir no Brasil, o que poderia ter impacto, principalmente via câmbio, para a inflação.

A S&P, que já mantinha a nota de crédito do Brasil abaixo do grau de investimento, rebaixou o rating soberano de BB+ para BB, mantendo a perspectiva negativa. A agência também cortou o rating soberano em moeda local de ?BBB-? para ?BB', o que afeta diretamente os títulos públicos negociados no mercado local.

Para Christiano Clemente, diretor operacional da Tullet Prebon, o rebaixamento do rating pela S&P deve ter pouco impacto no mercado local, uma vez que a maioria dos investidores estrangeiros com restrições para aplicar em papéis abaixo do grau de investimento já zeraram suas posições em Brasil, desde que o país foi rebaixado para grau especulativo em moeda estrangeira pela S&P em setembro de 2015.

Segundo o BNP Paribas, o Credit Default Swap (CDS) de cinco anos do Brasil, que mede o risco de calote da dívida soberana dos países, já refletia esse rebaixamento, embutindo uma probabilidade de não pagamento de 31%, somente abaixo da Nigéria e El Salvador, negociando a 475 pontos-base, com spread de 140 pontos-base acima da Rússia, 175 pontos-base da Turquia e 230 pontos-base superior ao da Indonésia, em linha somente com o do Líbano, cuja rating é ?B-?.

Tesouro

Hoje o Tesouro Nacional vendeu 505.700 Letras Financeiras do Tesouro (LFT) e 7 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN) em leilão, cuja operação somou R$ 9,775 bilhões. O Tesouro colocou metade do lote de 1 milhão de LFT ofertadas.