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Juros futuros caem por cena externa mais positiva e noticiário local

22/02/2016 17h10

As taxas dos contratos futuros de juros recuaram na BM&F com o mercado reagindo ao cenário de menor aversão a risco no exterior e ao noticiário político local. A alta do preço do petróleo e notícias positivas vindas da China tiveram um efeito positivo para os ativos de mercados emergentes e abriram espaço para um queda nos prêmios de risco na curva de juros local, especialmente na parte mais longa.

O DI para janeiro de 2021, mais influenciado pelo ambiente externo, recuou de 15,75% para 15,49%, menor patamar desde 4 de novembro de 2015. E o DI para janeiro de 2017 caiu de 14,23% para 14,18%.

O noticiário político local voltou a influenciar os mercados, após o marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas eleitorais do PT, ter a prisão temporária decretada na manhã desta segunda-feira, como parte da 23ª fase da Operação Lava-Jato da Polícia Federal.

O marqueteiro trabalhou para o PT em diferentes ocasiões, incluindo campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010 e 2014 e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. Os investigadores apuram pagamentos no valor de cerca de R$ 90 milhões que a Odebrecht teria feito a João Santana para a campanha petista em 2014, por meio de contas no exterior e não declarados no Brasil.

Também no plano político, as atenções se voltam para o senador e ex-líder do governo Delcídio do Amaral (PT-MS), que volta ao Senado nesta semana. O mercado especula se Delcídio pode comprometer integrantes do governo em delação premiada, ainda negada oficialmente pelos advogados do senador.

As notícias contribuem para intensificar os rumores sobre um aumento das chances de um impeachment da presidente Dilma Rousseff, cuja política econômica tem sido criticada pelo mercado.

Na parte curta da curva de juros, a queda era limitada pela expectativa de que não há espaço para cortes da taxa Selic no curto prazo. Em evento realizado nesta segunda-feira pelo banco JP Morgan, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Altamir Lopes, afirmou que "o cumprimento do regime de metas e a convergência da inflação não contemplam reduções da taxa básica de juros". Isso porque ainda há expectativas de inflação altas e efeito da inércia inflacionária.

O diretor do BC voltou a repetir que a autoridade monetária espera uma desinflação de 2 pontos percentuais no primeiro semestre. A inflação, no acumulado de 12 meses até janeiro, subia 10,70% .

Apesar de o BC esperar uma queda da inflação nos próximos meses, dada a retração da atividade, as expectativas de inflação continuam a piorar. Pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira pelo BC mostra que a mediana das projeções para o IPCA subiu de 7,61% para 7,62% para o fim de 2016 , ficando estável em 6% para o fim de 2017.

Já a mediana da projeção para a taxa Selic para o fim deste ano ficou estável em 14,25%, enquanto a projeção para o fim de 2017 caiu de 12,75% para 12,63%.

Para o gestor de renda fixa e derivativos da Brasif, Henrique de la Rocque, não há espaço para um corte de juros neste ano. "Um corte de juros está no radar, mas acho que isso não vai acontecer. O câmbio será um fator importante para o mercado embarcar nessa aposta", afirma. A curva de juros refletia a estabilidade da taxa Selic até o fim do ano.