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Dólar cai ao menor valor em quase 8 meses

11/04/2016 17h50

A melhora do apetite para ativos de risco no exterior e o avanço das apostas no impeachment da presidente Dilma Rousseff levaram o dólar a renovar a mínima no ano frente ao real. Nem mesmo a realização de três leilões de swap cambial reverso, que equivalem a uma compra futura de dólar, pelo Banco Central impediram a moeda americana de fechar abaixo de R$ 3,50.

O dólar comercial recuou 2,89%, fechando a R$ 3,4937 menor patamar desde 20 de agosto de 2015 e maior queda em termos percentuais desde 24 de setembro de 2015.

No mercado futuro, o contrato para maio recuava 2,63% para R$ 3,52.

A forte queda do dólar levou o BC a realizar três leilões de swap cambial reverso, colocando ao todo 20 mil papéis.

A autoridade monetária ainda rolou apenas 4 mil dos 5.500 contratos de swap cambial tradicional ofertados no leilão de rolagem. Com isso o BC deve renovar menos da metade do lote de US$ 10,385 bilhões que vence em maio.

O mercado de câmbio acompanhou o movimento de enfraquecimento da moeda americana frente às principais divisas emergentes, sustentado pela alta do preço do petróleo e expectativa de adoção de mais medidas de estímulo por parte da China.

No mercado local, perspectivas políticas desfavoráveis ao governo da presidente Dilma contribuíam para acentuar a queda da moeda americana frente ao real.

A percepção é de que o governo chega mais enfraquecido para a votação do impeachment na Câmara.

O mercado acompanha a votação do parecer do relator da comissão do impeachment, Jovair Arantes (PTB-GO), prevista para hoje.

O governo já espera derrota na votação na comissão, mas tem a esperança de barrar o processo de impeachment na votação no plenário da Câmara, que deve ocorrer a partir de sexta-feira. Se aprovado o impeachment, o processo vai para o Senado Federal, que decide pelo afastamento ou não da presidente.

O governo teme a possibilidade de deputados do chamado "centrão" - formado por parlamentares de partidos menores - não votarem a favor de Dilma no processo de impeachment.

Em um sinal negativo, durante os debates na sexta-feira de madrugada de sábado para análise do parecer sobre o relatório do impeachment, essa ala não só não defendeu a presidente como teve cinco deputados do PP e do PSD em posição favorável ao relatório. Outros partidos como o PSB também decidiram votar a favor do impeachment.

Em outra notícia contrária ao governo, pesquisa Datafolha mostrou no fim de semana que a maioria da população apoia o impeachment da presidente Dilma. De acordo com o levantamento, 61% dos entrevistados defendem a saída da presidente.

Para o diretor de gestão de recursos da Ativa Corretora, Arnaldo Curvello, os investidores devem ajustar as posições para um cenário de impeachment até sexta-feira, com o dólar podendo recuar para um patamar entre R$ 3,35 e R$ 3,40. "A perspectiva é de que com um eventual impeachment da presidente Dilma e um cenário político mais estável poderá haver uma entrada maior de recursos externos", diz.

Curvello destaca, entanto, que a intensidade da valorização do real vai depender das atuações do BC no câmbio. "O BC pode ser mais agressivo e reduzir ainda mais a rolagem", diz.

Em março o BC renovou apenas 68,62% do lote de US$ 10,92 bilhões que venceu no início deste mês.