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Juros futuros recuam na BM&F influenciados por cenário político

25/04/2016 16h50

Os juros futuros fecharam em queda na BM&F com os investidores considerando a formação de uma nova equipe econômica em um possível governo do vice-presidente Michel Temer. A queda do risco político e o recuo das expectativas de inflação abriram espaço para o aumento das apostas no corte da taxa básica de juros neste ano. Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) decide sobre a taxa Selic.

O DI para janeiro de 2017 caiu de 13,52% para 13,49% no fechamento do pregão regular, o DI para janeiro de 2018 recuou de 12,77% para 12,73% e o DI para janeiro de 2021 passou de 12,90% para 12,76%.

No campo político, será instalada hoje a comissão especial no Senado que analisará o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A expectativa é que a comissão eleita realize a primeira reunião ainda nesta segunda- feira. O cenário é amplamente desfavorável a Dilma: dos 21 integrantes, 14 são abertamente favoráveis não só à admissibilidade do processo, como já se posicionam pela saída definitiva da presidente.

Com o avanço do processo de impeachment, os investidores se voltam a formação da equipe econômica em um possível governo de Michel Temer. Entre os cotados para assumir a Fazenda estão o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o senador José Serra (PSDB-SP). Temer se encontrou com ambos os "pretendentes" no sábado, mas nenhum convite oficial foi feito.

Para Paulo Nepomuceno, estrategista de renda fixa da Coinvalores, ambos os nomes têm um perfil mais pró-mercado, capazes de promover a mudança ma matriz macroeconômica utilizada pelo atual governo Dilma e adotar uma política fiscal mais austera. "Este ano, o déficit primário já está dado e deve ficar próximo dos R$ 100 bilhões. O foco agora é o resultado fiscal em 2017", diz.

Na avaliação do estrategista da Coinvalores, o senador José Serra, que já foi ministro do Planejamento e Orçamento do governo Fernando Henrique Cardoso, teria mais condições políticas para conseguir aprovar medidas necessárias para melhorar o quadro fiscal. "Não vejo Meirelles com força para negociar com os partidos", afirma.

A expectativa de mudança de governo tem contribuído para o recuo dos prêmios de risco domésticos e sustentado a queda das taxas dos contratos de juros com prazos mais longos. Em relação às taxas de juros com prazo mais curto, o mercado segue movido pela expectativa de que o Banco Central começará ainda neste ano um ciclo de afrouxamento monetário.

Os dados fracos da atividade e de emprego divulgados na semana passada ajudaram a corroborar a estimativa de corte da taxa Selic neste ano. Pesquisa Focus divulgada hoje mostra que a mediana das projeções para o IPCA caiu de 7,08% para 6,98% para 2016, e de 5,93% para 5,80% em 2017. Já a projeção para taxa Selic recuou de 13,38% para 13,25%, uma queda esperada de 1 ponto percentual neste ano.

Para Nepomuceno, o BC não deve iniciar o ciclo de afrouxamento monetário antes da definição do processo de impeachment da presidente Dilma no Senado. Se aprovada a admissão do impedimento na primeira votação no plenário da casa, a presidente será afastada por até 180 dias. "Por isso, acho muito difícil o BC cortar a taxa de juros no primeiro semestre. Acho que ele deve esperar mais tempo, e deixar a próxima equipe fazer essa transição", diz.