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Em dia de ajustes, juros futuros curtos sobem e os de longo prazo caem

29/08/2016 20h36

O dia foi ainda de ajustes no mercado de juros, uma sessão depois de declarações dos dirigentes do Fed trazerem pressão sobre os mercados e às vésperas da conclusão do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os juros mais longos devolveram uma parte do prêmio acrescentado aos contratos, embora permaneçam em níveis mais altos do que o padrão recente. Já os mais curtos voltaram a subir, refletindo uma preocupação com o espaço para o Banco Central iniciar o esperado ciclo de alívio monetário, num momento em que a evolução da inflação ainda preocupa.

O ambiente externo tornou-se mais incerto após a presidente do Fed, Janet Yellen, ter afirmado que os argumentos para um aumento de juros se fortalecem, e do vice-presidente da instituição, Stanley Fischer, ter dito que a fala de Yellen é compatível com duas altas de juros ainda neste ano. Embora reconheçam que não se pode descartar, após essas afirmações, um aumento de juros em setembro, as apostas ainda são de que a alta da taxa ocorrerá somente em dezembro. "Dadas as condições econômicas, dezembro ainda é mais provável. Mas o recado na sexta-feira foi muito claro e muito forte, de que não se pode descartar uma elevação em setembro", diz um gestor.

"Acho que o Fed pode subir neste ano, mas ele será gradualista, a menos que a inflação suba muito, o que não é o cenário-base", diz um analista. "Em sendo assim, acredito que a o apetite por ativos de risco deve ser preservado. E, no caso do Brasil, as taxas de juros elevadas e os projetos de privatização devem manter um fluxo externo aquecido."

Analistas observam que o mercado de juros segue pressionado por causa da condição técnica mais frágil desse segmento de negócios, que viu a volatilidade disparar na sessão passada, após um período de pouca oscilação. Além disso, afirmam analistas, a preocupação com o avanço da agenda fiscal do governo, uma vez concretizado o impeachment, tem reflexo mais direto sobre esse segmento de negócios do que nos demais, o que ajuda a explicar uma pressão adicional sobre as taxas mais longas.

Já os juros mais curtos voltaram a subir. Isso se deve, segundo operadores, ao fato de a pesquisa Focus ter mostrado uma leve alta nas projeções de inflação. Embora tenha sido um ajuste pequeno - a estimativa para 2017 subiu de 5,12% para 5,14% - a elevação preocupa por interromper uma trajetória de queda. "Para que o BC comece a cortar os juros, é preciso que as expectativas estejam em queda", diz um analista.

No fechamento do pregão regular, o DI janeiro/2018 tinha taxa de 12,79%, ante 12,77% na sexta-feira; o DI janeiro/2019 operava a 12,25%, ante 12,29%; e DI janeiro/2021 era negociado a 12,09%, de 12,17%.