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Dólar tem a maior alta em oito anos com incerteza sobre EUA

10/11/2016 17h55

(Atualizada às 17h50) O dólar fechou em forte alta frente ao real, acompanhando um movimento global de fortalecimento da moeda americana em relação às divisas emergentes diante de um ajuste de posições no mercado de bônus, que levou a uma alta das taxas desses títulos.

Esse movimento reflete a preocupação com a inflação, reforçada após a vitória de Donald Trump na eleição presidencial americana, cujas propostas são vistas como expansionistas do lado fiscal, ao propor corte de impostos, e também focadas em gastos com infraestrutura.

Além disso, notícias negativas no cenário doméstico, como a informação de que cresceu a possibilidade do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassar a chapa Dilma-Temer e a nova fase da Operação Lava-Jato, que tem como alvo a investigação do pagamento de propina pelo grupo Odebrecht, ajudaram a intensificar o movimento no mercado local.

O dólar subiu 4,69% e fechou a R$ 3,3609, maior patamar desde 7 de julho e maior alta desde 22 de outubro de 2008. No mercado futuro, o contrato futuro para dezembro avançava 4,45% para R$ 3,378.

A forte alta do dólar acabou provocando um movimento de "stop loss" (zeragem de perdas) no mercado futuro. Esse movimento se intensificou logo após o dado de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, que caiu para 254 mil na semana passada, abaixo da expectativa que era de 260 mil.

O dado reforçou as apostas de que o Federal Reserve deve elevar a taxa básica de juros em dezembro.

Para o superintendente de câmbio do banco Ourivest, Ricardo Russo, a correção no mercado hoje reflete mais um movimento de curto prazo. "Entendo que esse cenário é mais pontual. Se considerar a eleição americana, o mercado ainda leva um tempo para diluir essa pressão", diz. Russo espera que o dólar deve se acomodar em patamar entre R$ 3,30 e R$ 3,40.

Em meio ao aumento da volatilidade, o Banco Central anunciou ontem uma pausa nos leilões de swap cambial reverso.

Hoje o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou que a autoridade monetária está sempre monitorando o mercado e toma atitudes necessárias. "Não pretendemos colocar pressão no mercado. Atuaremos conforme as condições", afirmou.

"O dólar não pode descolar muito por causa da inflação. O BC já sinalizou que tem instrumentos e vai utilizar na medida em que forem necessários", afirma Russo.