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Juro futuro de longo prazo fecha em alta, sob efeito de anúncio do Fed

15/12/2016 18h35

As taxas dos contratos futuros de juros de longo prazo fecharam em alta na BM&F, acompanhando a elevação das taxas dos Treasuries (títulos do Tesouro americano), com os investidores ajustando as posições após a sinalização do Federal Reserve de elevação maior que a esperada para a taxa de juros dos EUA nos próximos três anos.

Essa mudança na política monetária americana, contudo não alterou a expectativa de uma aceleração no corte da taxa básica de juros no Brasil no ano que vem, dado o cenário de crescimento econômico mais fraco que o esperado da economia brasileira e estimativa de avanço nas reformas fiscais.

Essa leitura sustentou a queda das taxas de juros de curto prazo. O DI para janeiro de 2018 caiu de 11,78% para 11,76% no fechamento do pregão regular, enquanto o DI para janeiro de 2019 fechou em ligeira alta, subindo de 11,41% para 11,42%. Já o DI para janeiro de 2021 avançou de 11,84% para 11,93%.

Ontem, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) elevou em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros pela segunda vez no ano para o patamar entre 0,50% e 0,75%. A autoridade monetária americana também elevou as projeções de duas para três altas em 2017, vendo mais três elevações de juros em 2018 e também em 2019, com a taxa básica subindo para perto de 3%, a 2,9%.

Para o diretor de mercados emergentes e estratégia do Citi em Londres, Luis Costa, a expectativa de um crescimento moderadamente positivo da economia americana e uma política fiscal mais expansionista nos Estados Unidos devem sustentar o movimento de alta das taxas dos Treasuries e trazer um cenário menos favorável para os mercados emergentes no primeiro trimestre de 2017.

Contudo, o banco está com uma visão relativamente positiva para a renda fixa no Brasil nesse cenário, destacando que o avanço na agenda de ajuste fiscal, especialmente em relação à reforma da Previdência, deve diminuir esse impacto negativo para o país. "Não estou falando que o real vai ficar ileso. O posicionamento dos investidores estrangeiros em juros no Brasil é grande e, se tiver um movimento de ?sell-off' [saída generalizada] em mercados emergentes a curva de juros brasileira vai sofrer, mas a melhora do quadro fiscal e as reformas fiscais podem aliviar o impacto em ativos brasileiros", diz Costa.

Para o diretor do Citi, o Brasil ainda está em uma situação benéfica apesar dos escândalos políticos, que já têm alçado o governo. "O mercado ainda está focando na capacidade desse governo de intensificar a agenda de reformas. E nesse quadro, as reformas estão, de maneira geral, isolando o Brasil da capacidade de sofrer um sell-off (venda generalizada)", afirma.

Ontem, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou o parecer favorável à admissibilidade à proposta da PEC da Previdência do deputado Alceu Moreira (PMDB-RS). A proposta segue agora para uma comissão especial que analisará o conteúdo e poderá fazer emendas, cuja etapa deve acontecer apenas em fevereiro do ano que vem.

Para o vice-presidente de investimentos SulAmérica, Marcelo Mello, pode haver alguma recomposição de prêmio nos papéis de renda fixa após a reunião do Fed, mas isso não altera o cenário de um corte maior da taxa básica de juros no ano que vem em função do arrefecimento da economia doméstica, prevendo uma queda da taxa Selic para 11% no fim de 2017.

Para Mello, mesmo com uma taxa mais alta de câmbio o "pass through" (repasse da alta do dólar para a inflação) tende a ser menor em uma economia com baixo crescimento. "Se o dólar ficar muito forte deve ter algum impacto para a inflação local, mas a economia está em um patamar tão fraco que o ?pass through' do câmbio é reduzido porque a demanda não está aquecida", diz.

Nesse nível de preços, o executivo vê como interessante as aplicações tanto em papéis prefixados como em títulos atrelados à inflação (NTN-B). "Se a gente tiver a reforma da Previdência passando com poucas alterações de conteúdo, com visão mais positiva para o endividamento público, podemos ver os papéis atrelados a juro real se apreciando", afirma.

A alta de juros no cenário externo não afetou a demanda por papéis no leilão do Tesouro. Hoje as taxas das NTN-F saíram mais baixas que as previstas em consenso de mercado. Também os juros pagos pelo Tesouro Nacional no leilão de LTN ficaram aquém do consenso. O Tesouro vendeu todos os 7 milhões de prefixados, sendo 5 milhões de LTN e 2 milhões de NTN-F.