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Juros caem na BM&F após queda da inflação medida pelo IPCA-15

21/12/2016 16h31

As taxas dos contratos futuros de juros recuaram na BM&F nesta quarta-feira influenciadas pelo crescente volume de apostas dos investidores em um corte maior da taxa Selic no ano que vem. Essa expectativa ganhou força hoje após o dado abaixo do esperado do IPCA-15 de dezembro.

O IPCA-15, que é considerado uma prévia da inflação oficial, mostrou uma desaceleração em dezembro para 0,19%, ante alta de 0,26% em novembro. O dado também ficou abaixo do piso das estimativas dos analistas coletadas pelo Valor Data que era de 0,25%.

O banco Haitong destacou que há uma melhora qualitativa da abertura do indicador, que vem registrando descompressão relevante em diversos outros grupos. "A fraca atividade econômica realmente está produzindo, finalmente, os efeitos esperados sobre os preços dos serviços", apontou a instituição financeira em relatório.

O dado de hoje reforçou a expectativa de que o IPCA fechará o ano de 2016 abaixo do limite estabelecido no sistema de metas para a inflação (6,5%). "A nossa projeção preliminar era de alta de 0,30% neste mês, o que levaria o IPCA a fechar o ano em 6,3%", afirmou o Haitong.

No final de junho, quando a nova diretoria do BC assumiu, a mediana das expectativas do mercado apontava alta de 7,3% no ano segundo a pesquisa Focus.

Com o cenário fraco de atividade, números de inflação mensal favoráveis e projeções do IPCA ancoradas por vários anos à frente, os investidores veem espaço para o Banco Central acelerar o corte de juros na reunião de janeiro.

O próprio Banco Central praticamente antecipou que deverá acelerar o ritmo de queda da Selic no próximo encontro, que acontecerá nos dias 10 e 11 de janeiro.

A curva de juros reflete maior probabilidade de um corte de 0,50 ponto percentual da Selic mês que vem, mas cresce no mercado a discussão sobre a possibilidade de uma aceleração do ritmo de queda dos juros, para um ajuste de 0,75 ponto em algum momento do ano que vem.

Essa expectativa levou a uma queda da taxas na BM&F. O DI para janeiro de 2018 recuou de 11,67% para 11,60% no fechamento do pregão regular, enquanto o DI para janeiro de 2019 caiu de 11,33% para 11,18%. Já o DI para janeiro de 2021 recuou de 11,72% para 11,49%.

O Haitong espera um corte de 0,50 ponto percentual em janeiro, mantendo este ritmo até setembro de 2017, com um corte final de 0,25 ponto em outubro, com a Selic encerrando o ciclo de afrouxamento monetário em 10,5%. "Porém, há um risco de o BC ter que acelerar este ritmo ao longo do primeiro semestre, caso a atividade continue surpreendendo negativamente", disse o Haitong.

O mercado aguarda a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), amanhã, que poderá trazer novas sinalizações do BC sobre o ritmo de corte de juros.

O estrategista da Icap Corretora, Juliano Ferreira, afirma que o dado do IPCA-15 corrobora um corte de 0,50 ponto da Selic em janeiro e abre espaço para uma queda maior, mas que vai depender da comunicação do BC no RTI. "Por enquanto, a sinalização do BC tem sido de um corte de 0,50 ponto e não de 0,75 ponto", diz.

Ferreira destacou que o BC nunca fechou a porta para uma aceleração maior do corte de juros, mas que tem sido cauteloso em sinalizar uma queda maior por causa da resistência que se viu na inflação. "O corte de 0,75 ponto ganha peso em algum momento do ciclo , mas, talvez, seja mais prudente para o BC começar com uma aceleração de 0,50 ponto", afirma Ferreira.

Entre os pontos importantes a serem observados no RTI de amanhã, o estrategista da Icap destacou as projeções de inflação e do PIB, além da avaliação do cenário externo. "Apesar de já termos alguns nomes da equipe econômica, as incertezas em relação á política econômica do governo de Donald Trump nos Estados Unidos permanecem", disse Ferreira.