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Estrangeiro deixa bolsa e índice patina nos 65 mil pontos

13/03/2017 17h36

O investidor estrangeiro vendeu ações para embolsar os lucros do último rali de alta da bolsa de valores e ainda não voltou a fazer novas apostas. Nos primeiros pregões de março, o índice tem registrado volatilidade durante o dia, mas acaba encerrando os negócios em um patamar próximo aos 65 mil pontos. Hoje, o índice ficou em 65.534 pontos, com alta de 1,33%.


Essa tendência pode ser percebida pela evolução do fluxo do capital externo na bolsa quando comparado com o desempenho do Ibovespa. A primeira vez que o índice ultrapassou os 65 mil pontos neste ano foi em 23 de janeiro, com a marca de 65.748 pontos. Desta data até o dia 21 de fevereiro, o Ibovespa alcançou os 69.052 pontos, a máxima do ano. No mesmo período, os estrangeiros colocaram R$ 7,5 bilhões na bolsa de valores.


Mas daí começou o movimento de realização de lucros, o Ibovespa recuou para os 65.534 pontos de hoje e entre o dia 21 de fevereiro e 9 de março, dados mais recentes, os estrangeiros retiram R$ 2,7 bilhões da bolsa. No ano, o saldo de investimento estrangeiro em ações ainda é positivo em R$ 4,8 bilhões. "O patamar atual do Ibovespa é o mesmo de onde começou o último rali de alta. O volume de investimentos estrangeiros hoje é o mesmo daquela época. É como se o mercado tivesse se mantido intacto", diz Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.


A posição dos investidores estrangeiros no mercado de ações brasileiro também vem diminuindo no mercado futuro - considerado pelos agentes como uma espécie de antecedente dos movimentos a serem observados na bolsa de valores. Segundo dados da BM&FBovespa divulgados nesta manhã, a posição líquida dos investidores não residentes é comprada em 59.852 contratos, uma queda de 4.955 contratos em relação a sexta-feira.


No mês de março, os estrangeiros encerraram 9.004 contratos. Essa queda de posições compradas no Ibovespa futuro vem se observando desde o começo de janeiro, quando o não residente chegou a somar uma posição liquidamente comprada de pouco mais de 100 mil contratos. Para o chefe da mesa de derivativos da XP Investimentos, Bruno Bagnoli, esse movimento pode ser também resultado de uma operação de arbitragem entre o Ibovespa e a carteira teórica do que redução da posição comprada efetivamente.


Pelo menos dois fatores têm freado a volta dos investidores estrangeiros para a bolsa de valores. Um deles é a expectativa de alta dos juros americanos. O Fed se reúne na próxima quarta-feira e deve anunciar uma elevação dos juros. Os investidores globais consideram que se confirmada essa alta ainda são esperadas mais duas elevações dos juros. Mas se forem quatro altas de juros nos Estados Unidos neste ano, o reflexo para as bolsas de valores de países emergentes pode ser desfavorável.


Outro fator é apreensão com a divulgação da "lista de Janot". O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve solicitar ao STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de inquéritos contra políticos envolvidos nas delações da Odebrecht. "O receio do mercado é que o envolvimento da base aliada do governo pode atrasar as reformas estruturais", diz Marco Tulli Siqueira, gerente de mesa Bovespa da Coinvalores.


Hoje, o Ibovespa subiu acompanhando a alta no preço das commodities no mercado internacional. O minério subiu 1,8% em Qingdao, na China, para US$ 88,26 a tonelada. As ações das empresas siderúrgicas subiram no mundo todo e aqui a Vale PNA fechou com alta de 4,01% e Vale ON teve ganho de 4,59%. As ações da Petrobras fecharam com alta. Os papéis preferenciais subiram 0,42% e as ações ordinárias subiram 0,95%.


As ações do Bradesco subiram e puxavam para cima os papéis do setor. Os papéis ordinários subiram 1,19% e as ações preferenciais tiveram alta de 1,25%. Na sexta-feira, o banco informou à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que o Conselho de Administração aprovou o aumento de capital social em R$ 8 bilhões.


O aumento de capital será feito por meio de bonificação de ações. Serão emitidas 55,3 milhões de ações nominativas-escriturais, sem valor nominal, sendo 277,6 milhões de ações ordinárias e 277,6 milhões de ações preferenciais.


Os acionistas do banco vão receber uma nova ação para cada dez ações da mesma espécie que tiverem. As datas relativas ao aumento de capital ainda não foram divulgadas, tendo em vista a necessidade de aprovação do Banco Central para todas as operações dessa natureza por parte dos bancos.


Outra ação que teve destaque foi a Cemig, que subiu 4,84%. A companhia indicou que pretende levantar R$ 6 bilhões com a venda do controle majoritário de quatro hidrelétricas para investidores privados.


O plano foi comunicado pelo presidente da estatal mineira, Bernardo Salomão, a dirigentes de sindicatos que representam trabalhadores da empresa em reunião ocorrida na sede da companhia em Belo Horizonte, na quinta-feira. As usinas são Jaguara, Miranda, São Simão e Volta Grande, cujos contratos de concessão já venceram. A empresa teria até 2018 para fazer essa operação de venda, conforme a nova lei.


As ações da Fibria, Suzano Papel e Celulose e Klabin subiram com novo reajuste de preços da celulose. A Suzano anunciou o aumento de preço de US$ 30 por tonelada, válido a partir de 1º de abril para o mercado chinês. Com o reajuste, a cotação de referência na China chegará a US$ 660 por tonelada. Esse é o sexto aumento de preço anunciado pelos produtores de fibra curta desde o fim de setembro, quando teve início o ciclo de recuperação das cotações, e o quarto com aplicação em 2017. As ações da Suzano subiram 1,23%, os papéis da Fibria tiveram alta de 2,94% e Klabin ganhou 1,91%.