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Ibovespa adota cautela com incertezas sobre reformas; dólar sobe

25/04/2017 13h46

A bolsa de valores brasileira não consegue acompanhar o tom positivo dos mercados acionários americanos nesta terça-feira por conta das preocupações com os rumos da reforma da Previdência Social.


Após uma sólida alta do Ibovespa, ontem, desencadeada pelo resultado do primeiro turno da eleição presidencial na França, os investidores pisaram no freio diante de novas turbulências nas negociações das mudanças no sistema de aposentadorias.


O governo Michel Temer ainda espera convencer alguns membros do PSB a ir contra a orientação do partido, dada ontem, de não apoiar a reforma, mas, até que a proposta final seja definida e votada, a incerteza continuará inibindo apostas em ações.


O Ibovespa subia 0,13%, para 64.472 pontos, às 13h40, já tendo caído 0,80% na mínima da primeira metade do pregão de hoje.


"O grande medo do mercado é que, no final, as mudanças sejam tímidas demais, insuficientes para ajudar a resolver o problema das contas públicas", disse Alvaro Bandeira, economista-chefe da corretora Modalmais no Rio de Janeiro. "Nesse cenário, os investidores ficam muito cautelosos e evitam tomar novas posições."


O Banco do Brasil tinha a maior queda do setor financeiro depois de o jornal "Folha de S.Paulo" publicar reportagem mostrando que o resultado da licitação para a conta de publicidade da instituição havia sido previamente combinado com as agências participantes. Sua ação perdia 0,68%, a R$ 32,08. O banco, por meio da sua assessoria de imprensa, afirmou que a escolha obedeceu a legislação e foi pautada por critérios técnicos.


A BRF recuava 2,12%, para R$ 39,79, em uma das maiores baixas do índice, por conta do temor de que a Operação Carne Fraca atrapalhe o lançamento de ações da sua unidade voltada ao público do Oriente Médio.


Já a Kroton subia após a empresa anunciar que registrou um crescimento de 10% na captação de alunos no primeiro trimestre. Sua ação ganhava 1,96%, a R$ 14,60.


Dólar


A moeda brasileira amarga o pior desempenho dentre os mercados globais na sessão desta terça-feira. A principal preocupação entre os investidores gira em torno da reforma da Previdência, que agora deixar de contar mais com o apoio do PSB. A cúpula do partido decidiu fechar posição contra as novas regras e elevou o sinal alerta sobre uma debandada de outros partidos da base aliada.


Ao todo, são 35 votos em xeque na Câmara, incluindo o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, que é deputado federal por Pernambuco. De acordo com o estatuto do PSB, parlamentares serão cobrados a votar de acordo com a decisão, estando sujeitos a punições, como advertência e até expulsão da legenda, para os insurgentes.


A decisão do partido vem poucos dias antes da votação do parecer da reforma na comissão especial da Câmara, que deve ocorrer no dia 2 de maio. Até lá, a cena política ainda prevê dias de manifestações populares contrárias às novas regras.


"Na visão do mercado, aumenta o risco do governo não conseguir aprovar a reforma da Previdência ou ter de fazer novas concessões para garantir os votos", diz o estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno. Ele aponta, contudo, que ainda é cedo para avaliar o impacto do movimento do PSB e há possibilidade de o partido ser mais flexível em relação aos dissidentes. "Isso evita uma onda de vendas no real", acrescenta.


Às 13h40, o dólar comercial avançava 1,17%, cotado a R$ 3,1617, após avançar até R$ 3,1672. Este é o maior nível desde a quinta-feira passada, quando tocou R$ 3,1700.


O contrato futuro de dólar para maio tinha elevação de 1,18%, a R$ 3,1700, com máxima em R$ 3,1710.


Ao lado da moeda do Brasil, o peso mexicano também se destaca negativamente no mercado internacional, num dia já negativo para emergentes em geral. O enfraquecimento do peso aumenta após o presidente americano, Donald Trump, afirmar no Twitter que ele permanece comprometido em construir um muro na fronteira com México. "Não deixem que a falsa mídia diga a vocês que eu mudei minha posição sobre o muro. Eu farei que seja construído e ajudarei a parar com o tráfico de drogas, pessoas, etc", afirmou o republicano em sua conta na plataforma digital.


De acordo com agências de notícias, Trump disse a repórteres na segunda-feira que ele retiraria o pedido para incluir o financiamento do muro num projeto de lei que deve ser avaliado até este fim de semana. O projeto, que trata de gastos públicos, busca evitar uma paralisação do governo. O presidente afirmou na ocasião que a sua administração retomaria a questão em setembro.


Juros


Os ruídos políticos em torno da reforma da Previdência elevam o prêmio de risco exigido pelos investidores no mercado de renda fixa. Os agentes financeiros temem que a decisão do PSB em fechar posição contra a reforma possa forçar o governo a aumentar as concessões com o objetivo de evitar a perda de apoio de outros partidos da base.


Um dos sinais de cautela no mercado se revela no contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021, que avança ao maior nível em cerca de um mês. Na máxima, o DI janeiro de 2021, que é um dos mais sensíveis aos riscos estruturais da economia, subiu a 10,110%, ante 9,920% no ajuste anterior. Esta é o maior valor desde 15 de março quando marcou 10,130%.


No começo da tarde, a taxa estava em 10,090%. Entre outros vencimentos, DI janeiro de 2023 marcava 10,400%, ante 10,200% no ajuste anterior, e DI janeiro de 2025 operava a 10,540%, ante 10,310%.


O DI janeiro de 2018 marcava 9,540%, ante 9,500% no ajuste anterior, e o DI janeiro de 2019 estava em 9,430%, ante 9,340%.