Índice de Confiança de Serviços recua em junho, aponta FGV
A eclosão da crise política com a delação de Joesley Batista, da JBS, envolvendo o presidente Michel Temer, reduziu a confiança dos empresários do setor de serviços em junho, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). A sondagem mensal feita pela instituição mostra um cenário de atividade enfraquecida, sem uma retomada à vista.
O Índice de Confiança de Serviços (ICS) recuou 2,8 pontos em junho, para 81,9 pontos. O desempenho negativo no mês deve-se, sobretudo, à piora das expectativas. O Índice de Expectativas (IE) caiu 5,2 pontos, enquanto o Índice da Situação Atual (ISA) cedeu 0,4 ponto.
"O ajuste nas expectativas, que vinha sendo observado desde o início do segundo trimestre, foi muito provavelmente influenciado pela turbulência no ambiente político a partir do 17 de maio. As avaliações sobre a situação corrente também foram afetadas, com o índice interrompendo uma sequência de três meses de alta. Assim, ao final do primeiro semestre, ampliam-se os sinais de manutenção de um cenário de atividade fraca, adiando uma fase mais clara de recuperação do setor" avalia, em nota, Silvio Sales, consultor do FGV-Ibre.
A queda de 2,8 pontos da confiança de serviços em junho foi a maior desde setembro de 2015 (quando caiu 3 pontos) e teve um perfil generalizado, atingindo nove das 13 atividades pesquisadas. A principal contribuição para a piora das expectativas em junho foi dada pelo indicador que mede as expectativas em relação à demanda nos três meses seguintes, que recuou 5,3 pontos, para 84,7 pontos. No caso do ISA, a maior contribuição para a queda no mês foi dada pelo indicador de Situação Atual dos Negócios, que caiu 0,7 ponto para 78,3 pontos.
O setor também está mais ocioso. Seu nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) caiu 0,9 ponto percentual em junho, para 81,5%, o menor nível da série histórica.
Limitações à atividade
Entre os fatores que vêm sendo apontados como entrave à atividade das empresas, o quesito Demanda Insuficiente continua liderando as reclamações, tendo sido apontado por 39,4% das empresas em junho. A segunda maior frequência de citações em junho foi para a opção de resposta aberta (Outros Fatores), marcada por 33,5% das empresas. Ao classificar as respostas livres da opção Outros Fatores em Clima Econômico e Clima Político, observa-se influência do ambiente político na avaliação das empresas sobre o rumo dos negócios em junho.
"A citação ao Clima Político como um fator limitativo supera pela primeira vez, desde outubro de 2014, período de eleições, o Clima Econômico, o que reforça a interpretação de que a piora das expectativas esteja relacionada aos eventos de 17 de maio", diz a FGV.
A FGV colheu informações de 1.986 empresas entre os dias 1º e 27 deste mês.
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