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Governo troca 14% da CCJ para tentar salvar Temer

10/07/2017 16h10

(Atualizada às 19h15) Numa estratégia para evitar a derrota do presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, partidos da base aliada trocaram nove dos 66 integrantes do colegiado até a sessão para leitura do parecer do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) sobre o pedido de autorização para que o pemedebista seja julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelo crime de corrupção passiva.


O PR trocou quatro de seus cinco titulares na comissão. No lugar, entraram parlamentares que prometeram votar contra a denúncia. Temer recebeu, na semana passada, o ex-deputado Valdemar Costa Neto, que esteve preso por crimes cometidos na época do mensalão, mas ainda dá as cartas no partido.


No PSD, apesar de prometer que não alteraria os integrantes da CCJ, o líder da bancada, Marcos Montes (MG), retirou Expedito Neto (RO), que já tinha anunciado voto contra Temer, por Evandro Roman (PR), que também já tinha divulgado o voto, mas a favor de Temer. Os outros quatro integrantes do PSD na CCJ não tornaram públicos seus votos.


O PMDB tirou José Fogaça (RS) para colocar Carlos Marun (MS), um dos deputados da linha de frente na defesa de Temer.


O PTB trocou Arnaldo Faria de Sá (SP) por Nelson Marquezelli (SP) - que, no dia da substituição, foi à tribuna afirmar que a denúncia precisa ser arquivada.


O Solidariedade tirou da comissão o deputado Major Olímpio (SD-SP), que é de oposição. Num primeiro momento, entrou o líder da bancada, Áureo (RJ), depois substituído por Laércio Oliveira (SE).


O PRB também alterou seus integrantes na CCJ.Um dos titulares do partido na comissão, João Campos (GO), foi deslocado para a suplência. O líder da bancada, Cléber Verde (MA), contrário à denúncia, votará no lugar.


Outro titular, o deputado Lincoln Portela (MG) deve perder a vaga para Beto Mansur (SP). A troca ainda não foi oficializada, mas já é dada como certa pelo governo. Se se confirmar, serão 10 as mudanças na comissão.






Protestos


O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) pediu, por meio de questão de ordem, que as substituições feitas por partidos da base governista na composição da CCJ sejam indeferidas pelo presidente da comissão, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG).


"O senhor precisa indeferir esse festival de substituições rebaixados e espúrios", reclamou Alencar.


Em resposta ao parlamentar do Psol, Pacheco reforçou que as trocas são prerrogativa das lideranças do partido e que não poderia interferir.


Irritado com a decisão do líder do PR na Câmara, deputado José Rocha (BA), de substituí-lo na composição do partido, o deputado Delegado Waldir (PR-GO) afirmou que a decisão do líder do PR foi uma resposta a um pedido de Temer.


Com o apoio de parlamentares da oposição, Delegado Waldir afirmou que, após saber que seria substituído na CCJ, chegou ao seu conhecimento que a mudança de quatro dos cinco membros do PR na CCJ foi um pedido feito pelo Palácio do Planalto ao PR, com o objetivo de garantir que a denúncia por corrupção passiva dseja barrada pelo colegiado.