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Ibovespa fecha em alta com commodities e bancos

11/07/2017 17h48

O Ibovespa encerrou o pregão com alta pelo segundo dia consecutivo, mas novamente com fraco giro financeiro. O índice subiu 1,28% aos 63.832 pontos e movimentou R$ 5,8 bilhões, abaixo da média diária do ano, que é de R$ 6,2 bilhões. De acordo com operadores, o movimento de alta foi influenciado pelo desempenho positivo do preço das commodities no mercado internacional, que colocou para cima o preço dos papéis da Vale e da Petrobras. As ações dos bancos também tiveram forte valorização e ajudaram a manter o Ibovespa no terreno positivo.


No cenário político, os investidores aguardam a votação da reforma trabalhista no plenário do Senado. A sessão foi reaberta pouco depois das 16h20, mas ainda não havia sido retomada. A sessão ficou interrompida por mais de quatro horas depois que um grupo de senadoras de oposição fez uma "ocupação" da mesa diretora do Senado para impedir a votação. O consenso entre os investidores é de que a reforma será aprovada. "Se não for aprovada será o fim do governo Temer, já que a aprovação da reforma da Previdência ficará muito mais difícil", diz Ari Santos, gerente de mesa Bovespa da H.Commor DTVM.


O agravamento da situação do presidente Michel Temer e sua possível saída do cargo não está sendo vista como um fator de risco para o mercado financeiro, desde que seja garantida a continuidade de sua política econômica. E boa parte do mercado avalia que o deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, pode representar esse cenário. E, dependendo da forma como essa troca for articulada, ele possa até mostrar melhores condições de aprovar as reformas estruturais. "Neste momento, para o mercado, o que interessa é ter alguém no governo capaz de aprovar as reformas e dar início à retomada da econômica", diz o gestor de um fundo de investimentos.


Como as ações da Vale e da Petrobras têm peso importante na composição do Ibovespa, a alta dos papéis ajudou a colocar o índice no terreno positivo. As ações preferenciais da Petrobras subiram 2,92% e os papéis ordinários tiveram alta de 2,91%. Os contratos futuros WTI com vencimento em agosto fecharam com alta de 1,44% cotados a US$ 45,04 o barril. O maior volume de negócios do Ibovespa ficou com a ação preferencial da Petrobras, de R$ 553 milhões, o equivalente a 9,5% do giro total do Ibovespa.


A estatal anunciou que reduziu em 0,6% os preços da gasolina e em 0,7% os preços do diesel, com validade a partir de amanhã. A companhia também informou ao Valor que irá priorizar o mercado doméstico em novas oportunidades de captação de recursos. Além disso, a petroleira, que tem reduzido sua exposição junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), deseja discutir novas operações com o banco, segundo o diretor financeiro e de relações com investidores, Ivan Monteiro. A empresa também afirmou que pretende vender todos os seus ativos de distribuição de combustíveis no exterior. Desde 2015, a empresa já levantou US$ 1,7 bilhão com a venda de ativos no exterior.


As ações PNA da Vale subiram 1,41% e as ações ordinárias tiveram alta de 1,11%. O preço do minério de ferro teve alta de 2,11% para US$ 65,40 a tonelada. As ações do sistema financeiro também fecharam com alta. Os papéis do Banco do Brasil ganharam 4,20%, as ações preferenciais do Bradesco subiram 1,74% e as ações ordinárias tiveram valorização de 1,37%. As ações do Itaú ganharam 1,51% e Santander subiu 2,07%.


A percepção de que o cenário de inflação pode permitir uma queda de juros mais intensa do que o previsto, que vem crescendo no mercado, tem influenciado de maneira positiva os papéis do sistema financeiro. Os bancos são diretamente beneficiados por esse cenário porque a redução dos juros favorece a queda da inadimplência. Além disso, a queda dos juros pode contribuir para que as operações de crédito sejam retomadas, ainda que gradualmente. De acordo com relatório do banco Votorantim, produzido pela equipe de economistas liderada por Roberto Padovani, com a queda dos juros e a lenta retomada da confiança as concessões de crédito livre devem terminar este ano com leve queda em termos reais. A forte queda das concessões a empresas (-6%) deve ser compensada pelo crescimento do crédito aos consumidores (+4%). Para 2018, o crescimento de ambas as categorias deve ser próximo de 2,5%.


Outro fator que contribui para o desempenho das ações do setor bancário é que, segundo especialistas, em momentos de incerteza como agora, os investidores preferem os papéis de empresas com boa governança, que pagam bons dividendos e com perspectivas de valorização, como as ações do sistema financeiro.


Outro destaque de alta hoje foi a ação da CSN, que subiu 6,46%, cotada a R$ 7,74, a maior valorização do dia. De acordo com operadores, o papel recupera parte das perdas acumuladas desde o começo do ano, quando a ação chegou a ser negociada a R$ 12,98, em 17 de fevereiro. "Esse é um típico movimento de papel que ficou muito tempo com o preço parado", diz Santos.


Apesar da alta, as notícias não são boas para a empresa. Ontem, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) decidiu abrir um processo contra a companhia. Os longos anos de embates com a CSN, sem sucesso, para obter cumprimento das licenças ambientais de sua usina de aço em Volta Redonda (RJ) levaram o Ministério Público do Rio de Janeiro a se juntar ao Ministério Público Federal para adotarem, juntos, uma estratégia diferente. Além de reparações com base na lei ambiental, os procuradores buscaram enquadrar a empresa nas regras do mercado de capitais, alertando a CVM sobre a veracidade das informações que prestava aos acionistas e ao mercado. Como resultado, a autarquia abriu processo administrativo sancionador para investigar a siderúrgica.


A CVM também notificou no final da semana passada a empresa pelo atraso no envio de documentos periódicos. A CSN não entrega os resultados financeiros auditados desde o final do ano passado.