Juro futuro cai, com o maior recuo da percepção de risco em 7 semanas
A percepção de risco no mercado de juros futuros da B3 sofreu nesta quarta-feira a maior queda em sete semanas, num dia em que tanto fatores externos quanto internos colaboraram para um rali dos ativos brasileiros. Ainda há dúvidas sobre a sustentabilidade do movimento, mas o conjunto de notícias de hoje reforça a ideia de que há espaço para os juros caírem mais. Isso confere prêmio ao mercado e, portanto, espaço para ganhos adicionais na renda fixa.
Os mercados - que já vinham embalados pelo apetite por risco no exterior e pela repercussão positiva da aprovação da reforma trabalhista - ganharam ainda mais força após a notícia de que o ex-presidente Lula foi condenado, pelo juiz Sergio Moro, a nove anos e seis meses prisão por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A condenação ainda é em primeira instância, mas a notícia deu esperanças aos investidores de que o petista possa ver minguar sua chance na corrida presidencial de 2018. Com Lula fora, o mercado acredita haver mais probabilidade de eleição de um candidato "comprometido" com a agenda de reformas econômicas, especialmente a da Previdência.
O maior receio hoje é a política econômica voltar à heterodoxia, o que poderia acontecer, na visão do mercado, com a esquerda retornando ao poder. A expectativa de que isso não ocorra tem segurado os preços em trajetória positiva nas últimas semanas, apesar da gravidade da crise política e do risco de a reforma da Previdência não ser aprovada em 2017.
"Tudo indica que Lula deve ir mais enfraquecido para a campanha, se conseguir se candidatar. E isso já faz diferença para o mercado", afirma o sócio-gestor da Leme Investimentos Paulo Petrassi. Ele vê como "totalmente justificável" o Banco Central reduzir a Selic em 1 ponto percentual no fim deste mês.
Ao longo desta semana, algumas grandes casas, como o BofA, revisaram para baixo a estimativa para a Selic, citando o comportamento benigno do câmbio, a inflação em queda e a atividade econômica longe de retomada consistente. Hoje, o dólar opera na casa de R$ 3,20, nas mínimas desde o estouro da crise política, em 17 de maio.
Ao fim do pregão regular, às 16h, o DI janeiro/2023 caía a 10,230% (10,450% no ajuste anterior). O DI janeiro/2019 cedia a 8,640% (8,730% no ajuste anterior).Com isso, a diferença entre essas duas taxas - conhecida também como inclinação, uma medida de risco - recuava a 159 pontos-base, recuo de 13 pontos. É a maior baixa diária desde 24 de maio (-15 pontos).
A inclinação entre os DIs janeiro/2019 e janeiro/2018 - que reflete expectativas para os movimentos da Selic ao longo de 2018 - baixou 2,5 pontos-base, para -8 pontos. É o menor patamar desde os -15 pontos do dia 17 de maio - último antes do estouro da crise, período em que o mercado vinha numa rodada de revisões de baixa para a Selic.
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