IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Queda das commodities afeta Ibovespa; dólar volta a subir

21/07/2017 14h52

A bolsa de valores brasileira se mantém em leve queda acompanhando a desvalorização das commodities em dia de cenário externo negativo.


A Petrobras segue a baixa do petróleo, reagindo também ao aumento dos impostos sobre os combustíveis, que foi maior do que o esperado. A Vale repercute o recuo do minério de ferro.


O Ibovespa recuava 0,38%, para 64.690 pontos, às 14h48. Depois de subir 0,33% no nível máximo do dia, o índice de referência do mercado local firmou-se em território negativo.


O Índice de Materiais Básicos da B3 recuava 0,71%, a maior baixa entre sete grupos setoriais. A ação preferencial da Petrobras perdia 1,98%, a R$ 12,84, e a ordinária recuava 2,05%, a R$ 13,35, enquanto o petróleo tipo Brent perdia 1,46%, a US$ 48,58 o barril com entrega em setembro negociado na bolsa de Londres. A Vale PNA caía 0,19%, para R$ 26,92, e a ON perdia 0,03%, a R$ 28,71. O minério de ferro fechou em queda de 1,3% na China, cotado a US$ 67,14 a tonelada.


Amortecendo um pouco essas quedas, algumas empresas do setor doméstico se destacavam.


A empresa de aluguel de carros Localiza dispara após informar, ontem, que o seu lucro líquido cresceu 31,9% de abril a junho de 2017 contra igual intervalo de 2016, para R$ 129,3 milhões. Há pouco, a ação da companhia ganhava 5,15%, para R$ 51,83.


A construtora Helbor disparava 2,65%, para R$ 2,32, com a notícia de que suas vendas contratadas subiram 55,4%, para R$ 332,8 milhões, no mesmo período. O Índice Imobiliário da B3 subia 0,88%, no melhor desempenho setorial, por conta das sólidas apostas em uma redução da taxa de juros local. A maior parte dos analistas espera que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) reduza em um ponto percentual a Selic na sua reunião da semana que vem.


Dólar


A queda do dólar perdeu fôlego nesta sexta-feira, após recuar até o nível de R$ 3,11 mais cedo e começa a tarde em alta. Profissionais de mercado apontam que o movimento é decorrente de algum ajuste de carteira, mas a direção segue de baixa ante o real. Caso mantenha o sinal até o fechamento, a divisa acumulará 11 baixas consecutivas e igualará a sequência de queda mais extensa desde o início do Plano Real. Até então, a série só foi observada entre o final de março e o começo abril de 2005.


O movimento cambial por aqui é atribuído em grande parte a uma reprecificação global do dólar. A cena política dos EUA vem causando preocupações crescentes entre os investidores, com percepção negativa sobre a governabilidade do presidente Donald Trump para avançar com a agenda econômica.


Na semana que vem, será divulgada a primeira prévia do PIB americano no segundo trimestre. Os dados de atividade americanos, se vierem aquém do esperado na sexta-feira, podem contribuir para a trajetória de enfraquecimento da moeda dos EUA. A visão entre os agentes financeiros já é de lentidão na inflação do país. Por isso, uma recuperação econômica mais morosa tem potencial de diminuir ainda mais as chances de uma nova elevação de juros pelo Fed neste ano.


Antes do PIB, o mercado deve acompanhar ainda a decisão de juros do Federal Reserve. A leitura é de que o Fed não deve alterar os parâmetros de sua política monetária. Além disso, as novidades podem ser limitadas pela ausência da coletiva de imprensa da presidente Janet Yellen e da atualização dos projeções dos integrantes. A não ser que haja uma surpresa, não se espera grandes solavancos no câmbio global.


"O dólar está caindo mundialmente, mas ainda não vemos fluxo de entrada", diz o executivo de uma gestora paulista. Para o profissional, a vinda de recursos para o país, de maneira mais significativa, ainda depende de melhora nas incertezas políticas.


O fluxo cambial está negativo em US$ 3,789 bilhões em julho até o dia 19. A parcial foi divulgada no começo da tarde pelo chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Fernando Rocha. O principal motivo do saldo é a saída líquida da conta financeira, no montante de US$ 4,553 bilhões. Já a conta comercial ficou positiva em US$ 764 milhões.


Por volta das 14h48, o dólar comercial subia 0,32% a R$ 3,1361.


Mais cedo, a moeda negociada no balcão tocou a mínima de R$ 3,1116, menor valor desde 17 de maio. Naquela sessão, o dólar caiu a R$ 3,0960 no momento mais fraco do dia e encerrou em R$ 3,1313. Com isso, a cotação da moeda americana por aqui segue em níveis anteriores ao estouro da crise política, em meados de maio, quando foram divulgadas as conversas entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista.


Juros


O mercado de renda fixa diminui o prêmio de risco nesta sexta-feira. Os juros futuros de prazos mais longos operam em baixa após o governo anunciar elevação de impostos sobre combustíveis e novo contingenciamento de gastos. Ainda que possam ter efeito contracionista na economia, as iniciativas servem para diminuir o rombo fiscal na direção do alvo de 2017, de déficit primário de R$ 139 bilhões.


ODI janeiro/2018 cai a 8,510%, ante 8,525% no ajuste anterior, e o DI janeiro/2019 marca 8,360%, de 8,340% na mesma base de comparação.


O DI janeiro/2021, por sua vez, cai a 9,430%, de 9,470% no ajuste anterior, beneficiado também pelo sinal de queda do dólar.