Dólar tem maior alta em 2 meses com tensão externa e incerteza fiscal
A forte demanda por ativos seguros nos mercados externos reverberou no Brasil, onde o dólar cravou a maior alta diária em dois meses. Preocupações em torno da política americana, riscos geopolíticos com o atentado na Espanha e receios com os fundamentos fiscais aqui formaram a lista de motivos de investidores que já queriam recompor posições em prol do dólar.
No fechamento, o dólar comercial subiu 1,04%, a R$ 3,1784. É a maior valorização diária desde 20 de junho (1,32%).
No mercado futuro, em que os negócios se encerram às 18h, o dólar para setembro tinha alta de 0,68%, a R$ 3,1845.
Dólar e preços dos Treasuries sobem
Analistas citam cada vez mais alguma frustração com a perspectiva para as contas públicas. Agosto, de fato, tem sido marcado por renovados receios sobre a capacidade do governo de aprovar medidas de correção fiscal. Após a vitória do presidente Temer em votação na Câmara dos Deputados, no começo deste mês, os mercados atribuíram mais chances de aprovação da reforma da Previdência ainda neste ano. Porém, sinais de divergência em torno das medidas, dúvidas sobre o prestígio de Henrique Meirelles dentro do governo e persistentes indicações de que a base pode dificultar a passagem de medidas consideradas impopulares têm deixado investidores mais ressabiados.
A questão técnica também pesa no câmbio. O dólar chegou a operar próximo de R$ 3,10 no começo do mês, patamar que, para alguns analistas, refletia um cenário mais benigno que o razoável. Nesse momento, o exterior amparava os ativos domésticos. E o recente ajuste de baixa nas praças internacionais coloca em xeque a sustentação dos preços aqui em níveis mais apreciados.
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