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Dólar volta a subir com ajuste externo e cautela na política

16/10/2017 14h42

O dólar opera em alta desde o início desta segunda-feira (16). A sessão é marcada pelo ajuste nos principais mercados emergentes, enquanto os investidores avaliam o ritmo de aperto monetário nos Estados Unidos.


O ambiente menos favorável no exterior também evidencia alguma cautela com a cena doméstica. Amanhã (17), a segunda denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer deve ser analisada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. A medida envolve os crimes de obstrução de justiça e organização criminosa. Além do presidente, também são alvo da ação os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco.


A leitura de boa parte do mercado é de que a denúncia deve ser barrada na Câmara. No entanto, a tramitação pode não caminhar de forma tão tranquila quanto se esperava, o que pode aumentar a volatilidade nas próximas semanas. O sinal de alerta foi reiterado pelo novo atrito envolvendo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que não gostou das críticas feitas pela defesa de Temer a respeito da divulgação dos vídeos da delação do operador financeiro Lúcio Funaro.


"A relação do Planalto com o Congresso parece estar um pouco estremecida", diz o estrategista-chefe do banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno. O principal ponto de atenção é a retomada da reforma da Previdência. "Se o governo se mostrar incapaz de ter uma reforma mínima, os ativos podem passar por uma correção", acrescenta.


O processo contra o presidente Michel Temer pode ser um catalisador negativo, diz Bank of America Merrill Lynch. "Um aumento do ruído político e a deterioração da base de coalizão do governo podem atrasar discussões sobre reformas fiscais e aumentar a volatilidade", alerta. Ainda assim, a instituição mantém uma posição "otimista" sobre o real, amparada pelos sinais de recuperação da atividade e da confiança na economia. A projeção do banco é de que o dólar terminará o ano cotado a R$ 3,15.


Nesta segunda-feira, o real chega a ter um desempenho um pouco melhor do que alguns pares, como o peso mexicano e o dólar do Canadá. Ainda assim, tem o quarto pior desempenho diário entre as 33 principais moedas globais. O movimento é atribuído a ajustes após a ampla queda do dólar na última sexta-feira (13) quando foram conhecidos novos sinais de inflação contida nos Estados Unidos.


A correção se apoia também nos comentários da presidente do Federal Reserve (Fed), Janet Yellen. Ela reiterou no fim de semana que a força da economia deve justificar elevação gradual de juros nos país, apesar da inflação moderada. "Prestaremos atenção nos dados de inflação nos próximos meses", disse a dirigente "Meu melhor palpite é que essas leituras não irão persistir", afirmou a dirigente.


Por volta das 13h23, o dólar comercial subia 0,54%, a R$ 3,1661.O contrato futuro para novembro, por sua vez, avançava 0,65%, a R$ 3,1730.


Juros


Os juros futuros de prazos mais longos apontam para cima nesta segunda-feira. O sinal das taxas reflete os ajustes vindos do exterior, que influenciam ainda a alta do dólar por aqui. O comportamento dos ativos, de acordo com profissionais de mercado, também indicam alguma cautela com a cena política no Brasil.


No fim de semana, a presidente do Fed reiterou que a força da economia deve justificar elevação gradual de juros nos país, apesar da inflação moderada.


Os comentários foram feitos após a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA, que ficou aquém do esperado em setembro.


Os ruídos políticos também mantêm a cautela no mercado, com incertezas em torno do apoio parlamentar ao governo para avançar com a agenda de reformas.Para o economista Silvio Campos Neto, da Tendências, a aprovação de uma versão diluída da reforma da Previdência "não está totalmente fora do jogo, mas é um cenário menos provável".


Por volta das 13h28, o DI janeiro/2021 subia a 8,990% (8,930% no ajuste anterior).Entre vencimentos mais longos, o DI janeiro/2023 era negociado a 9,710% (9,650% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2025, a 10,040% (9,970% no ajuste anterior).


Os trechos mais curtos monitoraram o discurso do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. A leitura de profissionais de mercado é de que o dirigente reiterou a mensagem de que a instituição caminha para o fim do ciclo de corte de juros, que provavelmente levará a Selic para 7%.


O DI janeiro/2018 caía a 7,383% (7,392% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2019 recuava a 7,290% (7,270% no ajuste anterior).


Bolsa


O Ibovespa iniciou a semana buscando novas máximas, mas acabou cedendo à realização de lucros, numa semana em que a agenda política está carregada. Embora analistas considerem que a tendência para a bolsa continua positiva, alguns profissionais consideram que a expectativa pela análise da segunda denúncia contra Temer amanhã pela CCJ é argumento para que o ritmo de compras desacelere.


Às 13h20, o Ibovespa caía 0,46% aos 76.634 pontos, depois de ter tocado a máxima de 77.382 pontos. O efeito do vencimento de opções sobre ações, que se concentra no período da manhã, ajudou a sustentar o índice no terreno positivo nas primeiras horas do dia.


Para o head de renda variável da CM Capital Markets, Fernando Barroso, a agenda política desta semana é um argumento para alguma cautela nos negócios nesta semana e pode limitar a onda compradora nestes dias. "Eu esperava, inclusive, uma queda mais forte da bolsa dado o noticiário do fim de semana", afirma.


Santander foi destaque positivo nesta manhã, reagindo a relatório do Credit Suisse, que eleva o preço-alvo do papel de R$ 32 para R$ 36. Às 13h38, o papel era a segunda maior alta do Ibovespa, ao subir 2,95%. Mas, mais cedo, chegou a entrar em leilão ao subir 5,76% para R$ 31,59.


A maior alta era da Fibria (3,16%), seguida por Santander, Klabin (2,91%) e Suzano (2,85%).


Entre as maiores quedas do horário, MRV (-2,56%) e Lojas Americanas (2,65%).