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Goldman: Aécio é "coronel" e Alckmin não empolga para 2018

20/10/2017 11h09

Vice-presidente nacional do PSDB, o ex-governador paulista Alberto Goldman afirmou que o senador Aécio Neves (MG), presidente afastado do partido, tornou-se uma "figura extremamente danosa" para a legenda e classificou o mineiro como "coronel".


Em meio ao desgaste da legenda nas investigações da Operação Lava-Jato, Goldman disse que o PSDB terá muitas dificuldades nas eleições de 2018, afirmou que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pré-candidato presidencial, "não é grande figura de expressão nem liderança nacional" e que o partido não tem um candidato que empolgue o povo brasileiro.


O dirigente tucano afirmou ainda que a legenda continua sendo "de elite" e que não consegue se mostrar como um polo de oposição ao PT.


Goldman fez uma palestra na noite dessa quinta-feira (19) na Casa do Saber, em São Paulo, sobre o presente e o futuro do PSDB. Já no início de sua fala, o vice-presidente tucano disse que a vida partidária no PSDB é "pobre", sem espaço para discussão de temas nacionais, como política e economia, e afirmou que a direção da sigla é composta por "caciques e coroneis". Em outro momento, citou nominalmente Aécio e o senador Tasso Jereissati (CE), presidente em exercício da legenda, como coroneis.


"Eles comandam, eles mandam, mas não existe a experiência de sentar-se à mesa e discutir temas", disse Goldman. "O PSDB ainda é um partido voltado mais para as crises internas do que para as necessidades da sociedade."


O dirigente tucano evitou falar sobre a permanência de Aécio na presidência do PSDB, mas disse que preferia que o tucano se afastasse.Goldman lembrou que a nova direção partidária deve ser escolhida em menos de dois meses, em dezembro, e disse que a discussão hoje no partido é "saber se vale a pena afastar Aécio".


Para o vice-presidente do PSDB, no entanto, em vez de debater o caso Aécio, a legenda deveria se preocupar com temas relevantes, como a portaria do governo Michel Temer (PMDB) que dificulta o combate ao trabalho escravo.


Ao fazer um balanço do partido, o vice-presidente do PSDB disse que os tucanos não conseguiram formar quadros novos e que a sigla não conseguiu se transformar em um partido grande e enraizado como o PT.


"O PSDB continua sendo de elite, de intelectuais e classe média", afirmou. "O partido não consegue se constituir como polo de oposição. Isso acontece porque, em parte, não conseguiu se enraizar".


2018


Goldman criticou o PSDB por ter se desgastado politicamente junto com o PT. "À medida que o PT se destruiu, o PSDB não soube ocupar esse espaço. Quem ocupou? Ninguém. Do ponto de vista nacional, é muito difícil a eleição para um nome do PSDB porque o partido se desgastou junto com o PT", disse.


"O perigo do vácuo [político] de hoje é aparecer uma figura política como o Collor, que era um deputado de quinta categoria."


O vice-presidente do PSDB disse que a perspectiva do partido para 2018 é "difícil" e que a legenda é vista como "igual" aos outros partidos envolvidos em escândalo. O envolvimento de Aécio Neves em denúncias, disse, é "simbólico" e "afetou profundamente o partido". "Ele não é qualquer um. Teve quase 50 milhões de votos em 2014", disse, lembrando que o tucano é presidente licenciado da legenda. "O presidente do partido se constituiu em uma figura extremamente danosa para o PSDB."


Para 2018, Goldman disse que, além das denúncias contra Aécio, pesa o fato de o PSDB não ter um nome de destaque, que "possa empolgar o povo brasileiro". "Hoje a candidatura mais expressiva é de Geraldo [Alckmin]. Ele não é uma grande figura de expressão, não é uma liderança nacional, mas é o que se tem".


O dirigente voltou a criticar o prefeito paulistano, João Doria (PSDB), e disse que a pré-candidatura presidencial do tucano está se esvaziando.


Crivella X Freixo


Goldman analisou que o PSDB se beneficiou nas últimas eleições do voto da direita, que não tinha candidato forte. Na eleição de 2018, porém, o partido poderá ser atingido em cheio com uma candidatura conservadora, afirmou.


Para o tucano, o PSDB deve construir uma frente com o 'centro' político para enfrentar as candidaturas da esquerda e da direita.


O dirigente afirmou que a candidatura presidencial de 2018 pode ter um cenário semelhante ao da disputa municipal de 2016 no Rio de Janeiro, entre a candidatura de Marcelo Crivella (PRB), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, e de Marcelo Freixo (Psol).


São Paulo


Integrante da ala "serrista" do PSDB, Goldman disse que o senador e ex-governador José Serra (SP) não deve ser candidato em 2018 porque foi atingido nas investigações da Lava-Jato.


O dirigente descartou o apoio a um nome "novo" do partido para disputar o governo paulista e citou nominalmente a pré-candidatura de Luiz Felipe D'Avila. Também descartou o apoio a um nome como do apresentador de TV Luciano Huck para a Presidência.


"Tivemos uma experiência negativa na Prefeitura de São Paulo apoiando o Doria. Não acredito que isso vai se repetir no plano nacional nem no estadual. Doria queimou o filme."