Embraer: Sociedade Airbus-Bombardier não justifica revisar cenários
O vice-presidente executivo financeiro e de relações com investidores da Embraer, José Filippo, disse que a empresa não vê motivos para revisar cenários de vendas e de concorrência por causa da recém anunciada sociedade entre Airbus e Bombardier na produção dos jatos comerciais CSeries, o principal rival da companhia brasileira no negócio de aviação comercial.
"Ainda precisamos aguardar os desdobramentos, mas não vemos neste momento motivos para revisar nossos cenários", disse Filippo a jornalistas em teleconferência de resultados.
Mas ele admitiu que a Embraer considerou no cenário financeiro e de vendas para 2018 a conjuntura na qual a canadense Bombardier terá que pagar tarifas extras de importação, de quase 300%, para vender aeronaves no mercado americano, o maior do mundo, admitiu Filippo.
Essa taxa punitiva foi anunciada pelo governo americano depois que a Boeing acusou a fabricante canadense de praticar dumping e de receber subsídios ilegais do governo canadense. Uma definição final por parte do Departamento de Comércio americano sobre o assunto ainda será tomada.
A Airbus e a Bombardier têm planos de transferir parte da produção do CSeries de Quebec, no Canadá, para o Alabama, nos Estados Unidos, como forma de escapar das tarifas.
O vice-presidente da Embraer destacou aos jornalistas, na teleconferência de resultados, que o ambiente de curto prazo tem relevância limitada na trajetória de vendas da empresa para os jatos E-2, a nova família de aviões que a fabricante brasileira começa a entregar ano que vem.
Filippo disse ainda que espera uma maior racionalidade de política preços por parte da Airbus a partir de agora, depois que a Bombardier praticou, segundo a Embraer, preços de venda abaixo dos de custo.
Margem
Filippo disse que a empresa trabalha com menores margens projetadas para o lucro operacional antes de juros e impostos em 2018 por causa da transição de famílias de jatos comerciais.
"O ano de 2018 será um ano atípico. Normalmente divulgamos nossas estimativas para o ano seguinte no início do ano, mas neste ano antecipamos para informar ao mercado nossas projeções que levam em conta um ano especial que é de transição de famílias de jatos comerciais, dos E-2", afirmou o executivo a jornalistas em teleconferência de resultados.
No ano que vem a Embraer começa a fazer as primeiras entregas dos jatos E-2, modelos da nova família de aeronaves de passageiros para companhias aéreas de transporte regular.
A companhia terá um lucro antes de juros e impostos entre US$ 265 milhões e US$ 360 milhões em 2018, com a margem entre 5% e 6%.
Em 2017, a estimativa aponta para o lucro operacional entre US$ 450 milhões e US$ 550 milhões, com margem de 8% a 9%.
A Embraer prevê entregas de 85 a 95 jatos comerciais e de 105 a 125 aviões executivos.
A empresa brasileira do setor aeroespacial, de defesa e segurança divulgou antes do início da sessão obalanço de resultadosno terceiro trimestre deste ano, com lucro líquido de R$ 351 milhões, revertendo um prejuízo, no mesmo período do ano passado, de R$ 111,4 milhões.
Mas a receita líquida da Embraer entre julho e setembro de 2017 caiu 15,6% na comparação anual, para R$ 4,14 bilhões, com umaredução de faturamentoem reais em todos os segmentos de negócios.
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