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Espera pelo Fed e por reformas tira fôlego do Ibovespa; dólar oscila

31/10/2017 14h35

O Ibovespa até tentou embarcar num movimento de recuperação, mas não conseguiu sustentar-se no terreno positivo. Elementos externos, locais e também técnicos inibem a alta do índice, que volta a ser negociado hoje abaixo dos 75 mil pontos.


Às 13h30, o Ibovespa caía 0,18% para 74.669 pontos, depois de tocar a máxima de 75.142 pontos e a mínima de 74.145 pontos.


Segundo profissionais do mercado, a bolsa está se ajustando a uma certa "releitura" do cenário, tanto externo quanto local, que já havia afetado tanto os negócios com câmbio quanto com juros há duas semanas. "Essas preocupações bateram primeiro no dólar e nos juros, e agora parecem estar chegando à bolsa, que vinha performando muito bem", explica. "Quem ganhou na bolsa nas últimas semanas vai querer embolsar os lucros."


Um dos pontos centrais para os ajustes em curso é o cenário externo. O dólar ganhou força no mundo diante da possibilidade de um nome mais "hawkish" substituir Janet Yellen no comando do Fed. O risco de a normalização da política monetária por lá ocorrer mais rapidamente, em um cenário de recuperação da economia americana, coloca em dúvida a continuidade dos fluxos para emergentes, o que explica uma correção dos ativos.


Aqui, o mercado também reage ao que pode ser chamado de "hiato temporário do governo". Segundo profissionais, havia uma expectativa de que, passada a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer, haveria um avanço rápido na agenda de reformas, inclusiva da Previdência, o que não se concretizou, em grande parte por causa do quadro de saúde de Temer.


Outro elemento doméstico é o fato de o Copom ter esfriado as apostas numa Selic abaixo de 7%, que já estava nos preços do mercado, ajudam a explicar a correção que se vê na bolsa. Esse ajuste tende a ser temporário, mas necessário, uma vez que o mercado reagiu com entusiasmo à aposta em uma Selic de até 6,5% no começo do ano que vem.


A correção para baixo do preço do minério de ferro e a leitura dos balanços das empresas também contribuem para a perda de força do Ibovespa. Embora muitos resultados confirmem uma recuperação expressiva ante o ano passado, alguns analistas consideram que o mercado chegou a operar com um entusiasmo superestimado. E, agora, parte desse excesso pode estar sendo corrigido.


Um bom exemplo é o resultado do Itaú, que registrou lucro recorrente de R$ 6,254 bilhões no terceiro trimestre, 11,8% acima do observado em igual período do ano passado e também superior ao esperado pelos analistas consultados pelo Valor, de R$ 6,057 bilhões. Ainda assim, a ação cai 1,90% para R$ 42,29. O papel registra o maior volume de negócios da bolsa até o momento, de R$ 321 milhões.


Já Cielo, ao contrário, surpreende positivamente e opera em alta de 7,73%, maior alta do índice. O papel tem o terceiro maior giro da bolsa, com R$ 223 milhões negociados.


Dólar


O dólar opera volátil e, no começo da tarde, registrava pequena queda. A instabilidade no câmbio é atribuído por operadores a fatores técnicos de fim de mês. Até o impulso, a moeda operava em baixa durante boa parte da sessão, acompanhando a variação de outros emergentes, como o peso mexicano.


A oscilação no sinal é algo que tem prevalecido nos últimos dias. Variações superiores a 1%, com alternância de direção, foram registradas em todos os fechamentos entre quinta-feira e ontem, por exemplo. O comportamento errático do câmbio tem como pano de fundo, além de fatores técnicos, a falta de definições sobre o futuro do Federal Reserve e, por aqui, incertezas com a agenda de reformas.


O anúncio de quem chefiará o banco central americano a partir de fevereiro de 2018 está previsto para quinta-feira, justamente quando os mercados brasileiros estarão fechados por causa de um feriado. Já como a maior parte da reação deve ficar só para sexta ou para a semana que vem, a cautela adicional pesa no ambiente local.


O risco de alta do dólar é a escolha de um nome mais favorável a juros altos para o cargo, como do economista John Taylor. A especulação lá fora, entretanto, é de que as chances maiores estariam a favor de Jerome Powell, que é diretor do Fed e representaria a continuidade da atual política gradualista. Neste caso, é esperado algum alívio para a moeda americana.


Por ora, o estrategista-chefe da Coinvalores, Paulo Nepomuceno, vê o dólar oscilando entre R$ 3,25 e R$ 3,30. Ele alerta, contudo, que o risco externo não é único a pesar no ambiente de negócios. "Os riscos não saíram da frente, temos dúvida sobre eleição e a força política do governo para tocar a reforma da Previdência", diz.


O governo ainda defende a aprovação da medida neste ano, no entanto há resistência no Congresso. No mercado, não se descarta o avanço da reforma. Por outro lado, mesmo com o fim das denúncias da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer, o governo ainda não trouxe novidades concretas para amparar um sentimento mais positivo dos investidores.


Hoje, a instabilidade no mercado local decorre, em boa parte, da formação da Ptax de fim de mês. A taxa é usada como referência para liquidação de derivativos e para balanços corporativos. Por isso, a disputa entre agentes com diferentes posições no mercado por um nível que os favoreça potencializa as oscilações. "Num cenário de curto prazo sem clareza, as questões tecnicas acabam tendo peso maior", aponta o operador de uma corretora paulista.


Por volta das 13h30, o dólar comercial estava cotado a R$ 3,2740, em ligeira queda de 0,27%. Na máxima, a divisa subiu até R$ 3,2990. Mais cedo, chegou a cair a R$ 3,2645 quando o real mostrava um dos melhores desempenhos diários entre as 33 principais moedas globais.


Juros


A percepção no mercado de que há espaço para alongamento do ciclo de corte da Selic abre caminho para queda dos juros futuros. Nesta terça-feira, as taxas de curto prazo, negociadas na B3, têm o movimento mais claro, se mostrando menos afetadas à instabilidade no câmbio.


ODI janeiro/2018 é negociado a 7,220% (7,229% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2019 recua a 7,270% (7,330% no ajuste anterior).


Já o DI janeiro/2021 opera a 9,170% (9,190% no ajuste anterior).