Dólar se consolida perto de R$ 3,30 de olho em reforma dos EUA
O dólar volta a ganhar força no início da tarde desta quarta-feira (20), revertendo a baixa do começo do dia. As oscilações, entretanto, são bastante tímidas, sendo direcionadas em boa parte pelo sinal no exterior.
O que dita o tom dos negócios globais é a tramitação da reforma tributária dos Estados Unidos. A proposta avançou nas duas casas do Congresso, garantindo impulso ao dólar e os juros dos Treasuries ontem (19). No entanto, o corte de impostos ainda enfrenta alguns obstáculos antes de ser oficializado, o que gera alguma instabilidade nos mercados.
No Brasil, o dólar oscilou entre R$ 3,2996 (+0,18%) e 3,2821 (-0,35%). Por volta das 13h40, a moeda era negociada bem próxima da estabilidade, a R$ 3,2901, queda de 0,11%. O dólar para janeiro era negociado com alta de 0,06%, para R$ 3,295.
A cautela com o cenário doméstico inibe apostas mais claras para o câmbio. Isso porque o cenário de 2018 é recheado de fatores, desde a disputa eleitoral até a retomada da discussão sobre a Previdência, que devem gerar volatilidade.
"Por enquanto, não há motivo para fazer grandes apostas", diz o economista na Tendências, Silvio Campos Neto. "A agenda de 2018 já vai começar pesada com a retomada do debate sobre a reforma da Previdência e o julgamento do [ex-presidente] Lula. A partir disso, o mercado vai perceber o clima", diz.
Juros
O risco inflacionário da redução dos compulsórios tem efeito limitado sobre os juros futuros. As taxas operam em baixa desde a abertura da sessão, incluindo os vencimentos de curto prazo, que refletem as apostas para política monetária.
A leitura entre economistas e profissionais de mercado é de que a medida não seria suficiente para reverter o ambiente de baixa inflação, que ainda abre espaço para flexibilização da taxa de juros no começo de 2018.
Inclusive, os especialistas apontam que a medida indica esforços bem-sucedidos para simplificar o sistema no longo prazo, ajudando o ambiente para os DI de vencimentos mais estendidos. "É uma sinalização que o BC está conseguindo avançar com agenda positiva", diz o estrategista de uma corretora paulsita.
O DI janeiro de 2021, por exemplo, cai a 9,300%, ante 9,360% no ajuste anterior.Entre vencimentos mais longos, o DI janeiro de 2023 recua a 10,310%, ante 10,370% no ajuste anterior.
O Banco Central iniciou ontem o processo de redução estrutural dos depósitos compulsórios vigentes na economia, que estão entre os maiores do mundo, com cortes nas alíquotas de recolhimento vigentes para os depósitos a prazo e à vista. Os cortes representam uma liberação líquida de R$ 6,5 bilhões na economia.
O alívio no mercado, entretanto, ainda é limitado pela série de riscos à frente, que vão desde a disputa eleitoral até a reforma da Previdência.
Bolsa
O Ibovespa entra nesta tarde ainda sustentando ganhos, impulsionado pelas ações do setor de siderurgia.
Às 13h45, o principal índice da bolsa tinha alta de 0,84%, aos 73.294.
Gestores e operadores de mercado destacam o movimento positivo das siderúrgicas hoje, especialmente CSN (5,13%), Usiminas (4,30%), seguida por Gerdau (3,41%). O setor se aproveitoudo debate sobre os reajustes de preços do aço para as montadoras.
"A notícia é positiva ao setor e estimula um ganho mais forte especialmente para Usiminas e CSN, que apresentam comportamento mais forte que o próprio índice", diz um gestor.
Na ponta negativa, o destaque da baixa fica por conta da EDP Energias do Brasil (-2,64%), depois de anunciar a compra de uma fatia da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, na elétrica catarinense Celesc. Também registram queda Equatorial (0,95%) e JBS (0,66%).
Na ausência de novidades sobre a Previdência no Brasil, que só deve voltar ao destaque no ano que vem, o investidor volta as atenções para os avanços da reforma tributária americana.
A reforma é considerada inflacionária, o que desperta dúvida sobre uma possível mudança no ritmo de altas dos juros americanos. Entretanto, neste momento, a leitura dos analistas é que o impacto nos preços é limitado no curto prazo, o que ajuda o mercado local a se aproveitar da janela de liquidez global para sustentar ganhos.
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