Dólar tem a maior desvalorização desde 24 de janeiro
A volta dos negócios no mercado cambial doméstico após o Carnaval foi marcada por forte queda do dólar no Brasil, que espelhou a fraqueza da moeda no exterior.
A cotação cedeu 2,31%, a R$ 3,2246, desvalorização mais intensa desde 24 de janeiro passado, data da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo TRF-4. O nível é o menor desde o último dia 2 de fevereiro (R$ 3,2149).
O real revezava, nesta quarta-feira (14), com o rand sul-africano o título de moeda com melhor desempenho no dia. Mas outras divisas associadas ao sentimento favorável a risco - como rublo russo (1,50%), won sul-coreano (1,34%), peso colombiano (1,31%) e dólar neozelandês (1,17%) - mostravam firmes ganhos.
A performance do real está relacionada a uma correção do atraso dos últimos dois pregões, quando os mercados internacionais recuperaram parte de perdas recentes. E esse movimento prosseguiu hoje, à medida que investidores não mantiveram o "susto" inicial com dados de inflação nos Estados Unidos.
Mesmo com os juros dos Treasuries de dez anos superando, nesta quarta, 2,9% e renovando máximas em quatro anos, o dólar permaneceu em firme queda e acelerou as perdas ao longo da tarde. Segundo analistas, dados de vendas no varejo - que vieram mais fracos - acabaram minimizando as preocupações com aumento da inflação e, portanto, não intensificaram tensões sobre mais altas de juros nos EUA.
Estrategistas do Morgan Stanley lembram a queda de 11% do barril do petróleo Brent ante máximas recentes e dizem que esse é um elemento que esfria expectativas de inflação muito mais alta à frente. De fato, uma parte da alta do CPI de janeiro veio dos preços dos combustíveis mais elevados.
"Nossos economistas projetam normalização da inflação [nos EUA], mas veem poucos motivos que endossem apostas em taxas muito mais altas, uma vez que forças desinflacionárias estruturais, incluindo o impacto da digitalização, seguem em curso", dizem estrategistas em nota a clientes.
Sobre o dólar, eles acrescentam que a grande questão é que a expansão econômica continua e eleva a demanda por investimentos e, dessa forma, por capital. "E é essa crescente demanda por capital que está mantendo a pressão de venda contra o dólar, uma vez que os EUA oferecem disponibilidade de capital pronto para investimentos globais."
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