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Dólar vai a máxima em uma semana, mas alta é vista como limitada

20/02/2018 18h07

O dólar voltou a ganhar força em todo o mundo, movimeto replicado no Brasil. Aqui, a cotação subiu 0,67%, a R$ 3,2553, maior nível o último dia 9, última sessão antes do Carnaval.


No mercado futuro, a taxa do contrato de dólar comercial para março tinha alta de 0,63%, a R$ 3,2625.


A força do dólar foi visível no Brasil, mas ainda mais pronunciada no exterior. Moedas como coroa sueca (-1,34%), lira turca (-1,14%) e peso mexicano (-0,97%) mostraram perdas ainda mais firmes ante o dólar.


A alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) de dez anos para acima de 2,90% ao ano (máximas em quatro anos) e a piora de sinal dos mercados de ações em Nova York no fim da tarde intensificaram as perdas de moedas emergentes. Mas de acordo com Italo Lombardi, estrategista sênior de câmbio para mercados emergentes do Crédit Agricole, os ganhos do dólar hoje parecem mais reflexo de um mercado que antecipa algum tom mais duro pelo Federal Reserve (Fed, BC americano), o qual divulga amanhã a ata de sua última reunião de política monetária.


"Se o Fed não entregar esse tom mais firme, temos um cenário propício a uma correção técnica de baixa no dólar", afirma.


Com base em contratos da Bolsa Mercantil de Chicago (CME, na sigla em inglês), o mercado vê 24% de chance de o Fed elevar os juros neste ano pelo menos em quatro momentos. Um mês atrás, essa probabilidade era de 21%.


O estrategista do Crédit Agricole projeta dólar de R$ 3,25 ao fim deste ano e pico em torno de R$ 3,45 no terceiro trimestre, período que coincide com as eleições.


Já o Morgan Stanley revisou para baixo suas estimativas o dólar ante o real ao fim do segundo e terceiro trimestres. O movimento é parte de uma mudança mais ampla em prognósticos para várias moedas, diante da expectativa de que o viés de baixa do dólar persista conforme a economia global demanda mais capital para financiar a expansão econômica.


Os estrategistas do banco mantiveram expectativa de que o dólar feche março em R$ 3,20, mas agora esperam que a cotação termine junho em R$ 3,10 (R$ 3,30 antes) e encerre o terceiro trimestre em R$ 3,40 (antes R$ 3,50). Para o fim do ano, a projeção foi mantida em R$ 3,25.


No cenário "bear" para o dólar - ou seja, o mais negativo para a moeda americana -, a divisa cairia a R$ 2,90. No cenário "bull" (positivo), a cotação iria a R$ 3,70.


Um ponto de atenção do mercado é a capacidade do governo de negociar a aprovação de medidas micro no Congresso Nacional. O pacote de 15 medidas, anunciado como forma de "compensar" a suspensão dos trâmites para a reforma da Previdência, foi criticado no fim da tarde pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Foi desrespeito ao Parlamento", disse.


"Acho que o dólar aqui pode realmente ganhar tração se você tiver a combinação entre mais juros nos EUA e frustração com medidas econômicas aqui", diz Jaime Ferreira, diretor de câmbio da Intercam Corretora. "A taxa de R$ 3,30 seria mais piso do que teto nesse caso", completa.