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Lula diz que não é um ser humano, mas uma ideia que não vai acabar

22/02/2018 23h52

Condenado em segunda instância, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que a Justiça pode prender "sua carne carcomida", mas não suas ideias. Ao participar da comemoração dos 38 anos do PT, em São Paulo, o ex-presidente disse à plateia de militantes que não é um ser humano, mas sim uma ideia que o povo ajuda a criar e afirmou que no país há milhões de "Lulas" pensando como ele. Depois de reiterar sua inocência, o petista disse ainda que quem quiser julgá-lo terá de arcar com a responsabilidade de pagar pelo "erro histórico" cometido.


Pré-candidato à Presidência, o ex-presidente disse que está em curso não só uma tentativa de barrar sua candidatura, mas também de impedi-lo de criticar a atuação da força-tarefa da Lava-Jato e do presidente Michel Temer. "Qual é o jeito? Quem sabe tentar me prender. E vão ter outra surpresa, porque eles poderão prender apenas a minha carne carcomida, mas não prenderão as minhas ideias", afirmou.


"O PT não é o Lula. O Lula não é um ser humano, é uma ideia que vocês ajudaram a criar e essa ideia, da igualdade, da participação, do trabalho compartilhado, não vai acabar", disse durante o discurso, a uma plateia de militantes do PT e de movimentos sociais. "Lula não é Lula. O Lula não significa nada sozinho. O Lula tem alguma importância porque neste país, graças a vocês, temos milhões de Lulas pensando como eu", afirmou.


Ao falar sobre sua condenação pela segunda instância, a 12 anos e 1 mês pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, Lula disse que não vai fugir, nem se matar. "Vou ficar aqui. Quem quiser me julgar vai arcar com a responsabilidade de pagar pelo erro histórico cometido. É disso que eu não abro mão", afirmou, reforçando que é inocente e que não admite que mexam com sua honra.


"Conquistei o direito de andar com a cabeça erguida. Não vou baixar a cabeça. Contem quantas mentiras quiserem. Se quiserem me tirar do jogo, vão ter que cometer crime contra a nossa Constituição."


À plateia de simpatizantes, Lula disse que é preciso que eles ocupem as ruas para defender seu legado, como o de um "país soberano, que garanta que o pobre possa ter um diploma de doutor, para que o povo volte a ter casa, salário, esperança e autoestima". "Essa ideia não vai acabar. Portanto, queria dizer aos procuradores que, se vocês tiverem apenas uma partícula que tem esse partido, vocês não contavam a quantidade de mentiras que contam."


Lula voltou a dizer que seu julgamento é político e criticou o juiz Sergio Moro, que o condenou em primeira instância. O petista reclamou do fato de Moro ter ouvido o ex-deputado Pedro Correa na Lava-Jato, em investigação contra ele. Segundo o ex-presidente, Pedro Correa é "o maior velhaco e pilantra".


Segundo o ex-presidente, sua condenação faz parte de uma "provação" ao PT. "Esse partido não tem que ter medo do que está acontecendo com Lula. É um processo. Se minha mãe fosse viva, diria que é uma provação. Estamos sendo provados diante das leis divinas e dos homens para ver se a gente é capaz de resistir."


Temer X Bolsonaro


O ex-presidente disse que nenhum partido quer que ele seja candidato porque sua presença no segundo turno estaria garantida. "Até o Temer acha que se eu não for candidato ele tem chance", ironizou.


Em seguida, citou outra ironia, desta vez feita pelo presidenciável e deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) contra Temer. O deputado afirmou que o presidente tentou "roubar" suas propostas ao decretar a intervenção federal no Rio de Janeiro na área de segurança. "Ontem Bolsonaro cunhou frase histórica: 'Temer, você já roubou de tudo neste país, mas não vai roubar meu discurso'", afirmou Lula.


Segundo o ex-presidente, o pré-candidato do PSDB, governador de São Paulo Geraldo Alckmin, não quer que ele seja candidato porque terá menos chance de chegar ao segundo turno. Lula atacou indiretamente até mesmo seus aliados, que estão disputando nos bastidores seu espólio político e eleitoral. "Eu 'tô' só olhando, só matutando o que eles estão fazendo."


O ex-presidente disse que ser candidato não é uma profissão de fé, mas reiterou que pretende disputar esta eleição presidencial para trazer "alegria" e "autoestima" para a população.


Ao falar sobre os 38 anos do PT, Lula disse que o partido pode não ter feito tudo o que o país precisava, "mas certamente ninguém fez mais" do que a legenda.