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Ibovespa opera em queda e Eletrobras despenca; dólar ronda R$ 3,63

23/05/2018 14h02

O Ibovespa acentuou o ritmo de queda e voltou ao patamar dos 81 mil pontos. As ações da Petrobras seguem no campo negativo, em meio às discussões sobre o preço dos combustíveis, enquanto os bancos devolvem os ganhos registrados ontem. Já os papéis da Eletrobras despencam com a confirmação de que a MP que trata da privatização da estatal não será mais votada.

Por volta de 13h50, o Ibovespa recuava 1,78%, aos 81.268 pontos, perto da mínima do dia, aos 81.160 pontos (-1,91%). O ritmo de negociações é menor em relação às últimas sessões: até o momento, o giro financeiro soma R$ 3,89 bilhões, o que implica num volume de pouco menos de R$ 9 bilhões ao fim do pregão.

Eletrobras ON (10,75%, a R$ 16,10) e Eletrobras PNB (-8,16%, a R$ 19,01) são os destaques negativos do Ibovespa e já se aproximam dos níveis anteriores ao anúncio dos planos de privatização da empresa ? em 21 de agosto de 2017, os papéis ordinários valiam R$ 14,20, enquanto os preferenciais tipo B eram negociados a R$ 17,83.

Ontem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, confirmou que a MP 814, que liberava a privatização da empresa, tentava solucionar o problema de seis distribuidoras deficitárias da estatal e promove alterações no setor elétrico, não será mais votada. Sem a MP, a companhia pode ter que provisionar ao menos R$ 5 bilhões em seu balanço, de acordo com uma fonte ouvida pelo Valor.

Já Petrobras PN (-4,13%) e Petrobras ON (-3,27%) seguem em queda, apesar de a política de preços da companhia não ter sido alterada em meio ás discussões sobre o valor dos combustíveis. "Ainda tem muita coisa pendente", diz um operador que prefere não ser identificado, afirmando que a retirada da Cide incidente sobre o diesel, anunciada ontem pelo governo, trará pouco impacto ao consumidor e, com isso, os protestos de caminhoneiros devem continuar.

Vale ON (-1,24%) recua na esteira das seguidas desvalorizações do minério de ferro ? a commodity caiu mais 0,5% hoje, a US$ 64,11 a tonelada. Por fim, Itaú Unibanco PN (-1,86%), Bradesco PN (-2,54%) e Banco do Brasil ON (-1,73%) devolvem os ganhos de ontem.

Segundo o mesmo operador, o clima pesado nos mercados externos dificulta ainda mais a situação do Ibovespa. Às 15h, a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed) será divulgada; além disso, novas declarações do presidente Donald Trump aumentaram a incerteza em relação às negociações comerciais dos EUA com a China.

Na ponta positiva do Ibovespa, destaque para Marfrig ON (+7,59%), reagindo ao avanço nas negociações para a venda da subsidiária americana Keystone. Cosan ON (+2,13%), Embraer ON (+1,9%) e Copel PNB (+1,24%) também conseguem sustentar desempenho positivo hoje.

Dólar

O real se valoriza pelo terceiro dia consecutivo nesta quarta-feira, garantindo o título de moeda de melhor desempenho no acumulado da semana. Os ganhos são tímidos, de 0,3%, mas vêm após o dólar cair 2,56% nas últimas duas sessões, quando o Banco Central passou a colocar três vezes mais dinheiro no mercado do que na semana passada.

Às 13h55, o dólar comercial caía 0,40%, a R$ 3,6306. Na semana o dólar recua 2,8%, o que faz do real a divisa com melhor performance nesta semana.

A dinâmica de preço do câmbio denota que o endurecimento de tom do BC, algo cobrado pelo mercado nos últimos dias, tem surtido efeito. Em entrevista ontem aoValor PRO, serviço de notícia em tempo real doValor, Ilan Goldfajn, presidente do BC, disse não ter "preconceito" contra a venda de swaps cambiais e reiterou que a queda do estoque desses contratos desde que assumiu o cargo dá à autoridade monetária poder de fogo.

"O BC tem conseguido amenizar a volatilidade, que é o que todo mundo estava vendo como crucial agora", diz o profissional de uma corretora.

Em maio, o BC já colocou no mercado US$ 3,5 bilhões em dinheiro "novo", na forma de venda líquida de swaps cambiais. A expectativa é que mais US$ 3 bilhões sejam injetados até o término do mês. Os US$ 6,5 bilhões que entrarão no mercado representarão a maior venda líquida de dólar via swap desde maio do ano passado, quando a colocação chegou a US$ 10 bilhões.

O comportamento do real hoje destoa de várias divisas emergentes, sobretudo as da Europa, Argentina e, principalmente, Turquia. Mas outras moedas emergentes consideradas do mesmo grupo do real - como rublo russo, rand sul-africano e peso mexicano - têm desempenho melhor, em linha com o da moeda brasileira.

Essa dinâmica de preços sugere, a princípio, que investidores veem menor risco de contágio a outros emergentes da instabilidade a afetar Turquia (especialmente hoje) e Argentina.

Juros

As taxas de juros de longo prazo voltam a operar sob pressão nesta quarta-feira, acentuando a inclinação da curva a termo, em mais um sinal de piora da percepção de risco no mercado. Especialistas apontam que a preocupação com o ajuste de contas públicas e as incertezas em torno da eleição presidencial tem ficado cada vez mais evidentes nos preços dos ativos, principalmente com o fim do ciclo de cortes de juros.

ODI janeiro/2019 cai a 6,575% (6,585% no ajuste anterior);o DI janeiro/2020 recua a 7,400% (7,520% no ajuste anterior);DI janeiro/2021 baixa a 8,570% (8,660% no ajuste anterior);DI janeiro/2023 cede a 9,990% (10,000% no ajuste anterior);DI janeiro/2025 marca 10,550% (10,540% no ajuste anterior).