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Ibovespa cai com protestos, mas Petrobras sobe; dólar vai a R$ 3,66

25/05/2018 13h36

O Ibovespa prolonga a sequência negativa iniciada na quarta-feira e opera na faixa dos 79 mil pontos, em meio à ineficácia das medidas anunciadas pelo governo para encerrar as greves de caminhoneiros, que já chegam ao quinto dia. Os papéis da Petrobras apresentam alta discreta, enquanto Vale, siderúrgicas e bancos vão na direção oposta.

Por volta de 13h30, o Ibovespa recuava 0,38%, aos 79.819 pontos, após atingir a mínima aos 79.441 pontos (-0,85%). O giro financeiro tende a ser menos intenso em relação ao das sessões anteriores: até o momento, soma R$ 4,5 bilhões, o que implica num volume projetado de pouco mais de R$ 10 bilhões ao fim do pregão.

Por ora, analistas dizem que o comportamento negativo da bolsa não pode ser classificado como um "sell-off". "O mercado vive um período de ressaca. Petrobras havia subido muito e, agora, está se ajustando", define um gestor de um fundo paulista. De todo modo, parece certo que o prêmio de risco para ativos brasileiros, de modo geral, subiu nos últimos dias. A crise deflagrada pela greve dos caminhoneiros enfraquece o governo e resulta numa piora do quadro fiscal. Além disso, dizem profissionais, o fato de o Copom não ter reduzido o juro mais uma vez em maio, como esperava o mercado, contribui para pressionar as ações, especialmente por causa do efeito dessa decisão sobre as taxas futuras de longo prazo.

Petrobras PN (+2,14%) e Petrobras ON (+1,21%) recuperam parte das perdas acumuladas ontem, quando fecharam em queda de cerca de 14%. O risco associado à estatal segue alto, com os investidores ainda temerosos quanto à possibilidade de interferência do governo nas atividades da empresa para tentar conter a crise dos combustíveis.

"O mercado ainda tenta adivinhar o que o governo vai fazer", diz Ari Santos, gerente da mesa de operações da H. Commcor, citando a continuidade dos protestos de caminhoneiros. "Fica no ar o que poderá acontecer no fim de semana. Não tem como saber se a situação volta ao normal ou se o governo entra em choque com os caminhoneiros", diz.

O presidente Michel Temer fará um pronunciamento sobre a paralisação dos caminhoneiros, de acordo com apuração do Valor. Ele está reunido com auxiliares e avalia o tom a ser adotado em sua fala. Segundo a Folhapress, o governo debate a conveniência do uso das Forças Armadas para liberar as estradas.

Nesse ambiente de incertezas, as demais blue chips apresentam desempenho negativo hoje. Bradesco PN (-1,03%), Santander Brasil units (-0,6%) e Itaú Unibanco PN (-0,07%) não dão continuidade às altas de ontem; Vale ON (-2,1%) recua na esteira do minério de ferro, cuja cotação caiu 3,7% na China.

Ainda na ponta negativa, destaque para as siderúrgicas, como CSN ON (-3,6%), Gerdau PN (-2,1%) e Usiminas PNA (-4,4%). O setor de varejo também recua, puxado por Lojas Renner ON (-2,4%) e Lojas Americanas ON (-2,3%).

No lado positivo, Gol PN (+4,3%) apresenta o maior ganho do dia, em meio ao cenário de dólar menos pressionado e queda na cotação do petróleo. Weg ON (+1,4%) e JBS ON (+1,3%) também aparecem entre os maiores ganhos.

Dólar

O dólar volta a subir frente ao real nesta sexta-feira, depois de ontem ter quebrado uma sequência de três quedas. De toda forma, a moeda brasileira tem desempenho diário melhor que vários de seus rivais emergentes e ainda caminha para um fechamento positivo na semana, período em que o Banco Central atuou de forma mais incisiva no mercado de câmbio.

Às 13h30, o dólar comercial subia 0,34%, a R$ 3,6590. No mercado futuro, o dólar para junho tinha alta de 0,32%, a R$ 3,6580.

Na semana, porém, a cotação acumula baixa de 2,26%. Esse desempenho dá ao real a vice-liderança de ganhos numa lista de 33 pares do dólar. Apenas o rand sul-africano (+2,57%) sobe mais no período.

Analistas reconhecem os efeitos negativos para a percepção de risco vindos da paralisação dos caminhoneiros em todo o Brasil. O noticiário acaba elevando o clima de instabilidade e incerteza, sobretudo ao investidor estrangeiro, num ano já marcado pela falta de definição do campo eleitoral.

"Você lê as notícias e vê um bate-cabeça no próprio governo. Isso passa uma sensação de instabilidade e de governo totalmente perdido. Claro que é ruim para o ambiente de investimento", diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

Segundo Galhardo, o que "salva" o câmbio agora é a atuação reforçada do BC. "O BC conseguiu colocar alguma racionalidade no mercado com a maior oferta de swaps. E isso pelo menos limita uma piora aqui."

O BC colocou mais cedo todos os 15 mil contratos de swap cambial tradicional em oferta líquida desses papéis. Até o momento, o Banco Central já injetou no mercado futuro o equivalente a US$ 5 bilhões via swaps. A expectativa é que, até o fim do mês, mais US$ 1,5 bilhão seja colocado no mercado.

O BC também vendeu todos os 4.225 contratos de swap cambial tradicional ofertados nesta sexta-feira em operação de rolagem do vencimento junho. Com isso, já garantiu a manutenção de 93% (US$ 5,23 bilhões) dos US$ 5,65 bilhões que deixariam o mercado no começo de junho caso a autoridade monetária não realizasse as operações de rolagem.

Os patamares mais razoáveis da taxa de câmbio e a atuação do BC, porém, não convenceram a Capital Economics, que revisou para cima suas projeções para o dólar ante o real ao fim de 2018 e 2019. Além de um cenário de dólar forte no mundo, a consultoria cita a queda nos diferenciais de juros entre o Brasil e o mundo como fator a seguir pressionando o câmbio.

Edward Glossop, economista da Capital Economics para a América Latina, espera agora que o dólar termine 2018 a R$ 3,80, contra R$ 3,50 da previsão anterior.

Ao fim de 2019, a moeda americana estará em R$ 4,00, ante estimativa anterior de R$ 3,60.

Juros

A trégua no mercado de juros durou pouco nesta sexta-feira. As taxas de longo prazo já voltam a operar em firme alta, diante da piora da percepção de risco para a cena local.

O acordo do governo para interromper a greve dos caminhoneiros é desafiado pelas paralisações dos motoristas nas estradas. E para além da crise dos combustíveis em si, especialistas destacam que o Planalto acaba aumentado a pressão sobre um futuro ajuste de contas.

ODI janeiro/2019 operava a 6,645% (6,660% no ajuste anterior);o Di janeiro/2020 marcava 7,530% (7,540% no ajuste anterior);o DI janeiro/2021 subia a 8,730% (8,690% no ajuste anterior);o DI janeiro/2023 avançava a 10,240% (10,130% no ajuste anterior);e o DI janeiro/2025 tinha alta a 10,830% (10,690% no ajuste anterior).