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Distribuidora de combustíveis terá "prejuízo na veia", diz associação

28/05/2018 13h30

A Associação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Lubrificantes, Logística e Conveniência - Plural (antigo Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis) informou nesta segunda-feira (28) que as distribuidoras vão arcar com prejuízos por causa da queda dos preços do diesel.A entidade reúne as maiores distribuidoras do Brasil, entre elas BR, Shell, Raízen, Total, Ipiranga, Air BP e Petronas.

As perdas ocorrem com a redução do preço do estoque do combustível que foi comprado no Brasil mais caro, antes da redução anunciada pela Petrobras e pelo governo, e que será vendido com os novos preços.

O mesmo se dará com o diesel importado e pelo qual foram pagos preços internacionais e que chega no país por navios. No caso de um navio que esteja chegando no país com 40 milhões de litros de diesel, o prejuízo calculado por ele é de R$ 16 milhões.

"É um prejuízo na veia. Sobre o estoque que estava no inventário, vamos aplicar uma redução de R$ 0,46 por litro. Mas essa é a nossa parcela de ônus do processo como um todo. Quem vai arcar somos nós", disseHelvioRebeschini,diretor de planejamento estratégico daPlural. Segundo ele,o setor entende que se trata de uma questão emergencial do país.

A conta é difícil de ser feita porque depende da data de bombeio do diesel para as bases de distribuição na semana passada. Existem no Brasil 154 distribuidoras de combustíveis autorizadas, mas apenas 120 operam normalmente. A elas se somam 370 Transportadores Revendedores Retalhistas (TRRs), que atendem fazendas e pequenas empresas de transporte, fazendo um trabalho complementar para áreas mais dispersas.

"São cerca de 500 agentes distribuindo combustíveis no Brasil afora. Por isso, nunca faltou. É a primeira vez que tivemos um desabastecimento desse porte tendo essa capacidade enorme", afirma o executivo.

Demanda

As grandes distribuidoras estão com as bases lotadas de gasolina e diesel, mas só conseguem atender 10% da demanda normal de combustíveis, porque os corredores de transporte que ligam as bases às principais refinarias do país estão obstruídos por caminhoneiros. Segundo a Plural, o que sai com escolta é para atender emergências como ambulâncias e as Forças Armadas.

Até ontem (27), segundo a Plural, apenas 45% das bases de distribuição tinham escolta. A distribuição nas regiões Norte e Nordeste, segundo Rebeschini é melhor, mas no Sul e Sudeste a situação ainda é crítica.

De acordo com o executivo, um volume maior de saída de produtos só será possível com a ação da forças de segurança para desobstrução de todas as bases que operam próximas às refinarias da Petrobras.

"As refinarias mandam combustíveis por bombeio, mas não temos mais local para armazenar nos tanques. A desobstrução das bases é fundamental, mas o movimento está violento. A situação fugiu da racionalidade", afirma Rebeschini, citando a explosão ontem de uma bomba em uma base de distribuição quando o setor estava reunido em Brasília.

Rebeschini saiu da reunião com a impressão de que as forças de segurança já têm um mapeamento completo dos locais mais críticos. São eles as áreas próximas à refinaria de Paulínea (SP), e em Barueri (SP) e Guarulhos (SP), Reduc (RJ), Gabriel Passos em Betim (MG), Araucária (PR) e Esteio (RS), que fica perto da Refap (RS). "Essas são as grandes bases, que respondem por quase 60% do abastecimento do país", disse o executivo.

Segundo ele, as distribuidoras têm 40 mil caminhões contratados para entregar combustíveis, mas estão sem poder operar. A impressão do executivo é que alguns setores mais politizados "pegaram carona" na greve dos caminhoneiros.

"Hoje no Rio, foi possível entregar 2% da demanda e a expectativa é de que esse percentual possa aumentar ao longo do dia. São Paulo está o caos, pior do que no Rio. Existem aspectos geográficos, mas notamos também uma sinalização política maior em São Paulo e Betim", disse.