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Dólar tem forte queda e volta a se aproximar de R$ 3,70

15/06/2018 18h08

O nível de ansiedade no mercado brasileiro de câmbio diminuiu nesta sexta-feira, abrindo espaço para firme queda do dólar. A divisa americana fechou em queda de 2,16%, aos R$ 3,7289, revertendo boa parte da disparada da véspera, o que garantiu uma alta de apenas 0,58% na semana.

Grande parte desse alívio é atribuído ao compromisso do Banco Central em continuar com suas intervenções no mercado através das ofertas de swap cambial. Apenas nesta sexta-feira, a autoridade monetária renovou recorde de vendas para um dia só e injetou US$ 5,75 bilhões nesses contratos. Foram três operações ao longo do dia, que levaram o BC a cumprir sua promessa de ofertar US$ 24,5 bilhões ao mercado desde o último dia 8.

Desde que as ofertas líquidas foram retomadas, em meados de maio, as vendas de novos contratos de swap cambial já somam US$ 39 bilhões, volume recorde para um período de um mês. E ainda tem mais pela frente, já que o BC anunciou que deve oferecer montante de cerca de US$ 10 bilhões na semana que vem. Isso não significa que a perspectiva seja de tranquilidade daqui para frente.

Uma prova de fogo deve vir já na próxima quarta-feira, quando o Banco Central anuncia sua decisão de juros. O nível de incerteza no mercado se traduz em apostas divididas sobre um aperto monetário e a estabilidade da Selic, a 6,5%. Uma corrente no mercado enxerga uma deterioração no balanço de riscos, que já exigiria uma alta da taxa. Por outro lado, há quem veja motivos - na inflação comportada e recuperação mais fraca - para manutenção da taxa.

"O mercado está desconfiado", resume sócio e gestor da Garde, Marcelo Giufrida, que não descarta nenhum cenário. Porém, o especialista alerta que um aumento "tímido" de juros pode gerar ainda mais instabilidade no mercado. Isso porque sinalizaria uma mudança de estratégia para juros e não faria grande diferença para conter a piora do mercado de câmbio.

Ao mesmo tempo, o mercado poderia interpretar que o vínculo entre câmbio e juros estaria mais direto. "Aí ficaria a percepção de risco de que, a cada alta do dólar, a taxa teria de subir", acrescenta o gestor. Diante do ambiente de incertezas, a avaliação do gestor é positiva sobre a atuação do Banco Central com swap cambial. "O BC tem de agir com o objetivo de evitar que o mercado fique disfuncional", acrescenta.

Para os especialistas do Goldman Sachs, a intervenção no câmbio se tornou a primeira linha de defesa do BC contra instabilidade, mais que o uso da política monetária. "Esse é um dos motivos pelos quais os participantes do mercado podem estar ansiosos em testar a moeda, especialmente devido ao ambiente externo desafiador e à frente do que continua sendo uma temporada de eleição altamente incerta", dizem.

A atuação do BC no câmbio pode ajudar o real nesse ambiente mais arisco, especialmente com as reservas cambiais em níveis ainda confortáveis. "Mesmo com o câmbio sob pressão, é improvável, por outro lado, que o Banco Central responda com aumentos de juros na próxima semana", afirma os especialistas do Goldman Sachs. Ainda assim, eles não descartam totalmente um aumento, especialmente se o real apresentar um desempenho mais fraco que os pares até a próxima quarta-feira.